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Mas nem a entidade, que detêm todos os direitos sobre os jogos, nem o setor privado estão pagando o grosso da conta. Dos R$ 28 bilhões que estão sendo gastos em projetos da Copa, apenas R$ 5,6 bilhões (20%) provêm da iniciativa privada. Os R$ 22,5 bilhões restantes são bancados pelo contribuinte: R$ 8,7 bilhões por meio de financiamentos de bancos oficiais; R$ 6,5 bilhões por meio do orçamento federal, e R$ 7,3 bilhões pelo orçamento dos 12 estados que receberão os jogos da Copa.
No caso dos estádios, a conta para o contribuinte é, proporcionalmente, ainda maior. Dos R$ 8 bilhões destinados à construção e reforma das arenas esportivas, apenas R$ 820 milhões têm como origem a iniciativa privada, segundo a Controladoria-Geral da União (CGU). Mais de R$ 4 bilhões devem retornar a instituições como o BNDES e a Caixa Econômica Federal, principais financiadoras.
Dona da festa, a Fifa pretende lucrar cerca de US$ 5 bilhões, algo em torno de R$ 10 bilhões. O valor é 36% superior aos US$ 3,6 bilhões (R$ 7,2 bilhões) auferidos pela entidade na Copa da África do Sul, em 2010. E mais que o dobro dos US$ 2,3 bilhões (R$ 4,6 bilhões) lucrados na Alemanha, em 2006.
Os dados acima são destacados no artigo “Vai ter Copa. Só não para você”, de Edemilson Paraná, vice-presidente do Psol-DF e mestrando em Sociologia da UnB, que o Congresso em Foco publica nesta sexta-feira (31). Ele questiona a aplicação de recursos públicos em um megaevento privado, cujos lucros serão de uma entidade também privada.
“A maioria do povo brasileiro não é contrária à realização da Copa do Mundo no país. É contrária, sim, aos atropelos e usurpações que cercam a organização do evento. Não fosse isso, tal maioria gostaria de uma Copa no ‘país do futebol’”, diz Edemilson. No artigo, o jornalista critica as tentativas das autoridades brasileiras de cercear os protestos que devem ganhar as ruas durante a Copa e explica por que a palavra de ordem “Não vai ter Copa”, utilizada por um grupo para atrair manifestantes, pode produzir efeito contrário.
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