Em sua página no Facebook, o senador atribuiu a opção pelo PTC a uma afinidade histórica e programática. “Após análise de vários convites, Collor decidiu pelo PTC. Pesou na decisão a identidade programática e a relação histórica com dirigentes nacionais da legenda, como o presidente Daniel Tourinho. O partido, com o número 36, sucedeu o antigo PRN, sigla pela qual Collor elegeu-se presidente da República, em 1989”, justificou a assessoria do senador.
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Este é o sétimo partido de Fernando Collor em 37 anos de militância partidária. Ele estreou na Arena, partido de sustentação da ditadura militar, em 1979. No ano seguinte, migrou para o herdeiro direto da Arena, o PDS, no qual permaneceu até 1985. Depois, passou quatro anos no PMDB. Em 1989, na primeira eleição presidencial após a redemocratização, elegeu-se presidente da República pelo PRN, novo nome do antigo Partido da Juventude, criado em 1985. Pelo partido, também se tornou o primeiro brasileiro a deixar o Planalto em processo de impeachment, em 1992.
O ex-presidente seguiu no PRN até 2000. No ano em que a legenda virou PTC, Collor passou para o PRTB, no qual permaneceu até 2007. Por essa sigla, voltou ao cenário político nacional ao se eleger senador, em 2006. O senador ficou quase nove anos no PTB. Ele será o único representante do PTC no Congresso. O partido chegou a eleger quatro deputados federais, em 2014. Mas todos já mudaram de legenda.
Troca-troca no Senado
Nos últimos seis meses, 11 senadores trocaram de partido. Diferente dos deputados, que tiveram um período de 30 dias – chamado de janela partidária – para mudar de partido sem perder o mandato, os senadores podem migrar de legenda quantas vezes quiserem, sem prazo determinado e com o mandato resguardado. Na Câmara, quase 100 deputados aproveitaram a janela.
Os senadores e demais ocupantes de cargos majoritários, como prefeitos, governadores e o presidente da República não estão submetidos às mesmas regras de fidelidade partidária de deputados federais, estaduais e vereadores – cargos disputados pelo sistema proporcional. Este foi o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), que em um julgamento realizado em maio do ano passado definiu que o mandato de políticos eleitos pelo sistema majoritário pertence aos próprios, e não ao partido.
Outro a trocar de legenda nos últimos dias foi o senador Zezé Perrela (MG), que deixou o PDT para se filiar ao PTB. Em apenas três meses, Hélio José (DF) mudou duas vezes de partido. Em dezembro o senador deixou o PSD e migrou para o recém-criado Partido da Mulher Brasileira. Mas a temporada nos quadros do PMB foi curta, e no último 16 o senador, que iniciou sua trajetória política nos quadros do PT, anunciou a filiação ao PMDB.
Na esteira das recentes trocas partidárias, o senador Delcídio do Amaral (MS) anunciou em março sua saída do Partido dos Trabalhadores. O pedido ocorreu no mesmo dia em que o ministro do STF Teori Zavascki homologou a delação premiada feita pelo senador sul-matogrossense dentro da Operação Lava Jato.
As mudanças partidárias no Senado prejudicaram o PDT, partido que mais sofreu perdas. Além de Perrela, os senadores do Distrito Federal Cristovam Buarque e Reguffe anunciaram a desfiliação em fevereiro. O primeiro migrou para o PPS e é cotado para disputar a Presidência da República em 2018, enquanto Reguffe adiantou que pretende ficar um ano sem vínculo com nenhuma legenda.
Veja a lista dos senadores que trocaram de partidos nos últimos seis meses:
SENADOR | UF | ORIGEM | DESTINO |
Alvaro Dias | PR | PSDB | PV |
Cristovam Buarque | DF | PDT | PPS |
Fernando Collor | AL | PTB | PTC |
Cristovam Buarque | DF | PMB | PMDB |
Delcídio do Amaral | MS | PT | s/partido |
José Medeiros | MT | PPS | PSD |
Randolfe Rodrigues | AP | Psol | Rede |
Reguffe | DF | PDT | s/partido |
Ricardo Ferraço | ES | PMDB | PSDB |
Wilder Moraes | GO | DEM | PP |
Zezé Perrela | MG | PDT | PTB |