Rodolfo Torres
A crise que se alastra na aliança entre PSDB e DEM começa a ganhar contornos de divórcio. Vice-presidente do partido, o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) resumiu o estado de nervos entre as duas maiores legendas da oposição: “Eu nunca me senti casado com o PSDB”. Para ele, a relação com os tucanos é apenas questão de “convivência social”.
O embate entre os dois partidos gira em torno da indicação do candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por José Serra (PSDB) à Presidência da República. Enquanto os tucanos querem a vaga para o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), o DEM não abre mão da indicação.
“A minha posição pessoal é que essa situação provocou constrangimento ao partido e foi uma decisão infeliz.”
O presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), afirmou ao portal G1 que o matrimônio entre os partidos está abalado. “O casamento está em crise, mas todo casamento em crise precisa de maturidade.”
Ronaldo Caiado voltou a classificar a posição tucana como “inaceitável” e destacou que Serra precisa de um vice que lhe dê “densidade eleitoral” nas regiões onde o tucano não é tão conhecido , ou bem avaliado: Norte e Nordeste.
A decisão sobre quem será o vice de Serra deve ser anunciada amanhã, durante convenção do DEM.
O parlamentar goiano, presidente do DEM em Goiás, avisou que não participará do encontro nacional. “Não posso deixar de cuidar do meu partido no meu estado.”
Nada definido
No restaurante de um luxuoso hotel em São Paulo, os líderes do PSDB e do DEM tentaram chegar em vão a um entendimento. Muita roupa suja foi lavada, mas os caciques dos dois partidos saíram do encontro como entraram. Uma nova reunião deve acontecer ainda hoje. Amanhã, o DEM precisa tomar uma decisão em sua convenção: ou definem um vice para Serra ou deixam a coligação.
Mesmo o mais moderado cacique do DEM, o líder do partido no Senado, José Agripino (RN), criticou a forma como Alvaro Dias foi escolhido. “Não era esse o combinado.”
O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), se disse otimista com o diálogo. “A conversa começou ontem, continou hoje e vai continuar.”
Até mesmo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi chamado para ajudar a apagar o incêndio. Otimista, o tucano-mor afirmou que é preciso “dar tempo ao tempo”. FHC ressaltou que PSDB e DEM sempre estiveram juntos. “Por que não vão estar agora?”, questionou.
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