Arruda solta a cavalaria; Congresso tenta apagar crise

Dezembro foi curto para o governador José Roberto Arruda cumprir o que prometera no primeiro dia do mês: apresentar “provas irrefutáveis” de sua inocência no inquérito em que é acusado de “chefiar” uma “quadrilha” no governo do DF.

Cercado por denúncias de todos os lados, pelo próprio partido e pelo povo nas ruas, Arruda soltou a cavalaria da Polícia Militar sobre os manifestantes que pediam sua renúncia e saiu da corrida eleitoral de 2010 ao anunciar sua desfiliação do DEM. Ainda cambaleante, o governador vira o ano agarrado em outra promessa: a de que cumprirá seu mandato até o último dia.

O pastelão panetônico, que implodiu em cinco semanas três anos de governo, guardou para janeiro seus capítulos decisivos, com a análise dos processos de impeachment do governador e a instalação da CPI da Corrupção na Câmara Legislativa. Palhaçada? Não diga isso ao palhaço, que fica triste com a ofensa:

O palhaço o que é? Político corrupto ele não é

Em editorial, o Congresso em Foco deixou bem clara sua posição sobre as denúncias no GDF e fez coro aos gritos das ruas: Impeachment já para Arruda e Paulo Octávio!

Enquanto governador e vice se faziam de surdos, deputados federais e senadores tentavam acelerar as votações para encobrir as sucessivas crises que turvaram ainda mais a credibilidade do Congresso ao longo de 2009. Câmara e Senado tentaram jogar para debaixo do tapete o rastro deixado pela farra das passagens. A primeira prorrogou de maneira silenciosa, até o último dia de mandato, os créditos acumulados pelos parlamentares antes da mudança das regras; ao passo que a outra Casa abandonou de vez a transparência prometida.

Câmara prorroga créditos aéreos em ano eleitoral

Transparência das passagens empaca no Congresso

No último mês do ano, o Congresso aprovou de tudo um pouco. Algumas propostas ainda têm de vencer outras votações, como o cadastro de bons pagadores, o diploma obrigatória para jornalista, as mudanças no Código de Processo Penal, o vale-cultura e a autonomia para o Banco Central.

Outras iniciativas tiveram desfecho. É o caso do relatório final da CPI da Petrobras, a controvertida PEC dos Precatórios, também conhecida como PEC do Calote, e a nova Lei do Inquilinato. Mas algumas ficaram mesmo para o ano que vem: o Estatuto da Igualdade Racial, a partilha do pré-sal e a proposta de iniciativa popular que proíbe a candidatura de políticos com problemas na Justiça, o projeto “ficha limpa”.

Dezembro foi ainda mês de premiações. O Congresso em Foco homenageou os parlamentares que mais se destacaram no ano, na avaliação de jornalistas e internautas, e recebeu o Prêmio Esso, um dos mais tradicionais do jornalismo brasileiro, na categoria de melhor contribuição à imprensa por causa da série sobre a farra das passagens e pelo histórico do site.

Dezembro foi também mês de assombro. Que tal um estágio de R$ 6 mil? Coisa que acontece no Ministério Público do Piauí, um dos estados mais pobres do país. Essa foi apenas uma das centenas de irregularidades apontadas pelo Conselho Nacional do Ministério Público após pente-fino feito no órgão com base em denúncias feitas pelo Congresso em Foco.

Quer um estágio de R$ 6 mil? Vai para o Piauí

No mês curto para as “provas irrefutáveis” de Arruda, couberam ainda muita polêmica e muito desentendimento na esperada Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 15), na Dinamarca, e na Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada em Brasília. Tudo registrado pelo site. É isso que você verá mais abaixo.

Veja os principais capítulos da novela do mensalão do Arruda em dezembro:

Arruda promete apresentar provas irrefutáveis

Advogados entram com pedido de impeachment de Arruda

Lula sobre vídeo de Arruda: “Imagem não fala por si”

DEM abre processo contra Arruda

Prudente deixa presidência da Câmara Legislativa

Manifestantes invadem Câmara do DF para pedir saída de Arruda

Sessão cai e estudantes invadem Legislativa

Vídeo mostra instante da invasão da Câmara do DF

Cúpula do PMDB mencionada em novo vídeo

Temer: “Vivi hoje o pior dia de toda minha trajetória política”

PT e CUT protocolam pedidos de impeachment