Mario Coelho
Desta vez, o governador preso José Roberto Arruda (sem partido) não teve como escapar. Novamente, ele recusou-se a assinar a notificação do seu processo de impeachment, que corre na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Agora, porém, essa recusa não foi suficiente para evitar a continuação do processo. Arruda foi notificado à revelia exatamente às 18h35. Como testemunhas, dois policiais federais assinaram por ele a notificação levada pelo primeiro secretário da Casa, Batista das Cooperativas (PRP). Agora, Arruda tem 20 dias para apresentar a sua defesa.
Batista das Cooperativas chegou na Superintendência da Polícia Federal em Brasília às 17h43 acompanhando de dois procuradores da Câmara Legislativa. Inicialmente, seriam os dois responsáveis por assinar a notificação caso o governador se recussasse a subsecrever o documento. Porém, o primeiro secretário acabou mudando de ideia ao chegar na sala onde Arruda é mantido preso desde 11 de fevereiro. “Achei melhor que dois policiais federais assinassem o documento, para que mais tarde a defesa de Arruda não contestasse judicialmente”, afirmou o distrital.
Ele permaneceu pouco mais de uma hora dentro da Superintendência. Saiu às 18h50 acompanhado apenas pelo motorista da presidência da Câmara Legislativa. Durante o tempo que ficou na sala do Comando de Operações Táticas (COT) onde Arruda está preso, disse que o governador argumentou novamente sobre a falta de defesa. E que até agora não teve acesso à íntegra do inquérito 650DF, que corre no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e investiga um esquema de propinas envolvendo membros do Executivo e do Legislativo local.
Ao receber a notificação, Arruda leu o parecer elaborado pela Procuradoria da Casa negando os argumentos para sua defesa, que não aceitava ser notificada até ter a íntegra de todo o inquérito 650DF. Para Batista das Cooperativas, não foi surpresa Arruda não assinar o documento. “Ele leu toda a fundamentação jurídica, mas não argumentou como na sexta-feira. Por analogia, já imaginávamos que ele não iria assinar”, disse o primeiro secretário, que na sexta-feira (5) tentou notificar Arruda e não conseguiu.
Em entrevista coletiva concedida após a notificação, Batista disse que encontrou um governador combalido, em “estado deplorável”. O distrital questionou a ida do governador ao hospital escoltado por “dezenas de policiais”. “Ele está em um estado avanço de diabetes, com princípio de trombose. Não teria como fugir, não precisava isso”, disse o distrital, que não conversou com os médicos do governador e nem tem formação médica. O primeiro secretário disse também que a sala onde Arruda está preso não condiz com sua situação de chefe de Estado. “Não é uma masmorra, mas está longe de ser adequada”, completou.
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