Sônia Mossri |
O Banco Central e o Ministério da Economia estão se preparando para tumultos no mercado financeiro por conta do escândalo que envolve o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República, Waldomiro Diniz. O caso Waldomiro tornou-se um aliado da equipe econômica para segurar a queda de juros. Prevendo novos estragos por causa das ligações perigosas de Waldomiro Diniz, a equipe econômica quer manter o conservadorismo da política de juros nos próximos 60 dias. Assessores do Banco Central mostram-se apreensivos com as repercussões negativas, no mercado financeiro, das denúncias contra Waldomiro Diniz. Ironicamente, o ex-assessor do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, forneceu argumentos para a manutenção da política de juros altos do ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Dirceu é um crítico da política econômica e chegou a dar declarações à imprensa de que os juros iriam baixar em 2004. Ele considera que o Banco Central já deveria ter reduzido a Selic (taxa básica de juros). Apesar de todo o esforço do presidente Lula em demonstrar que nada mudou na atuação de José Dirceu no governo, ministros já detectaram que ele já não é mais o mesmo. Leia também Todo o tempo do ministro José Dirceu tem sido consumido com a organização da operação para desviar a atenção do escândalo Waldomiro Diniz e demonstrar que o governo não está paralisado. Um graduado assessor do Banco Central disse ao Congresso em Foco que o caso Waldomiro Diniz e as dificuldades de manutenção da meta de 5,5% de inflação em 2004 não permitem uma diminuição da taxa de juros atual de 16,5%. Na prática, a crise provocada por Diniz é mais um argumento do Banco Central para segurar os juros. A meta de inflação de 5,5%, fixada pelo Conselho Monetário Nacional, é rígida e tornou-se difícil de ser realizada em 2004. Apenas nos primeiros três meses do ano, o mercado financeiro já trabalha com a perspectiva de uma inflação de 2%. A divulgação da ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária responsável pela definição da taxa básica de juros), no último dia 26, deixou claro que não há intenção de redução a curto prazo. Mais uma vez, a ata reitera o diagnóstico do Banco Central de que “há uma probabilidade concreta de que a inflação volte a se desviar da trajetória de metas, que requer cautela adicional na condução da política monetária”. Na semana anterior, o Copom manteve a taxa de juros em 16,5%. Na última quinta-feira (26), ao explicar os motivos, o órgão usou o argumento de que o comportamento da inflação “exige cautela”. No mesmo dia, como reação, a bolsa chegou a cair 2%. |
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