O empresário e delator da JBS, Ricardo Saud, atualmente preso no presídio da Papuda em Brasília, foi gravado em conversa com o empresário Frederico Pacheco, primo do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) comemorando a decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de soltar José Dirceu.
A conversa aconteceu no dia 3 de maio e foi revelada pela revista Veja na manhã desta quinta-feira (5). Saud e Pacheco se encontraram para a entrega dos R$ 500 mil, uma das parcelas dos R$ 2 milhões que a J&F, controladora da JBS, entregou a Aécio por meio de Frederico.
Gilmar já fez críticas ao recurso das prisões preventivas. Em fevereiro deste ano, Gilmar afirmou que o STF tinha “um encontro marcado com as alongadas prisões que se determinam em Curitiba. Temos que nos posicionar sobre esse tema, que conflita com a jurisprudência que construímos ao longo desses anos”. Saud comentou com Pacheco, em tom de surpresa e comemoração, sobre a decisão do colegiado em soltar José Dirceu, no dia anterior (2 de maio).
Naquela terça-feira, os ministros Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Gilmar Mendes revogaram a ordem de prisão expedida por Sérgio Moro. “Ninguém vai fazer delação mais”, afirmou Frederico, que ouviu como resposta que o ex-ministro Antonio Palocci iria, “porque ele vai entregar o Lula”, disse Saud.
O empresário e delator comemorou a decisão. “Acho que o Gilmar agora começou a ajudar a gente”, afirmou a Frederico, a quem também avaliou que esse era um sinal de que o Supremo também poderia soltar Palocci com medo que ele comprometesse ministros em um acordo de delação premiada.
“Essa atitude do Supremo ontem foi boa demais”, afirma Saud em outro trecho da conversa, ao que Frederico responde que Gilmar votou pensando mais em si mesmo. Saud concorda, afirmando que Gilmar está “com medo demais da OAS”. “O Lewandowski, esses caras todos… não ‘guentam’ a delação não”, diz Frederico.
Cardozo, Lula, FHC e Temer
O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e o presidente Michel Temer também são citados, de acordo com a reportagem de Veja. Saud afirma que foi conversar com Cardozo logo após saber da decisão da Segunda Turma e que acreditava que a decisão foi tomada após uma conversa entre Temer, Lula e FHC.
Para Saud, a soltura de Palocci era o próximo passo e que acabaria com a Lava Jato. “Aí ninguém oferece denúncia contra os que estão investigados, os inquéritos morrem tudo (…) Quem já tinha que comer cadeia já comeu”, afirmou.
<< Leia a íntegra da reportagem de Veja
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