O polemista conservador Rodrigo Constantino foi demitido pela terceira vez em 24 horas. Nesta quinta-feira, a Record, que contratou o comentarista para o portal R7 há pouco mais de dois meses, anunciou seu desligamento dos quadros de colaboradores da empresa. Horas depois, a Rádio Guaíba anunciou a mesma decisão.
As demissões foram causadas por comentários sobre o crime de estupro feitos pelo economista na esteira do julgamento da catarinense Mariana Ferrer. Ontem, a Jovem Pan anunciou que demitiu Constantino porque “desaprova veementemente todo o conteúdo publicado nos canais pessoais” do seu antigo contratado.
A Record afirma que “a decisão foi tomada em virtude das posições que o profissional assumiu publicamente sobre violência contra a mulher, em canais que não têm nenhuma vinculação com nossas plataformas”.
Na emissora, o polemista tinha liberdade editorial para escolher sobre o que falar: em um comentário nesta quarta-feira (4), Constantino lamentou o que seria uma “latinização” dos Estados Unidos, e acusou Biden, de 77 anos, “apresenta indícios de cansaço e mesmo senilidade, enquanto Kamala Harris nem esconde mais sua essência de esquerda.”
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Em comunicado curto, a Rádio Guaíba anunciou que, “diante dos fatos recentes e em sintonia com a decisão tomada pelo Grupo Record, a Rádio Guaíba e o jornal Correio do Povo optaram por rescindir o contrato com o colunista Rodrigo Constantino, que ocupava espaços semanais na rádio e também no jornal.”
O estopim das demissões foi uma série de comentários feitos por Constantino em uma live no seu canal pessoal no YouTube. Ao comentar o caso de Mariana Ferrer – que disse ter sido estuprada por um empresário em uma boate em Florianópolis, em 2018, e viu seu estuprador sair impune. O conservador disse que a culpa do estupro, caso a mulher esteja bêbada, deve recair única e exclusivamente sobre a vítima, e não sobre o criminoso.
PublicidadeNas redes sociais, a pressão para que veículos de imprensa demitam Rodrigo Constantino foi capitaneada pelo Sleeping Giants, perfil anônimo que tem como estratégia a pressão aos patrocinadores de veículos de imprensa. Desde ontem, em ao menos seis mensagens o movimento cobrou patrocinadores da Rádio Guaíba, que contratou Rodrigo Constantino em outubro para uma nova atração.
Oii @governo_rs, tudo bem? Consulta popular é super importante mas acreditamos que a @RdGuaibaOficial não é um bom lugar para isso pois o seu colunista culpabiliza a vitima em caso de estupro, o governo gaúcho concorda com isso? Pfv bloqueiem! ✊🏽 #demiteConstantinoGuaiba pic.twitter.com/B1XehITN43
— Sleeping Giants Brasil (@slpng_giants_pt) November 5, 2020
Procurado pelo Congresso em Foco, Rodrigo Constantino disse que sua fala foi retirada de contexto, e que não se arrepende do que diz. Para ele, um ataque coordenado buscou atacar sua imagem.
“Não é a primeira vez que a senhora Vera Magalhães e outros nomes marcam meus empregadores em redes sociais e cobram a minha cabeça”, disse o comentarista. Segundo ele, o caso “não era o assunto da live”.
Questionado então sobre qual seria sua visão sobre o tema, o comentarista afirmou que parece haver “um desencontro de narrativas”. “O caso está parecendo que houve, de fato, um estupro”, mas a expressão mais comentada, essa de ‘estupro culposo’ não faz nenhum sentido, porque está fora da sentença”, disse o comentarista, que está nos Estados Unidos neste momento.
Outro veículo que também contrata Rodrigo Constantino é o jornal “Gazeta do Povo”, do Paraná, de viés conservador. O comentarista também é autor de livros pela editora Record.
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Isso dá para fazer um filme.
“Se For Transar, Não Beba”
Esperemos q não apareça mais em nenhum lugar.