O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais e Renováveis (Ibama) usou sistema de uma empresa privada que teve reuniões com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, para justificar a abertura de um processo de licitação de novo serviço de monitoramento por satélite de desmatamento.
A informação está em documentos obtidos pelo jornal O Globo. Em reportagem publicada nesta quinta-feira (5), o jornal mostra que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) não foi consultado pelo Ibama.
O órgão do Ministério do Meio Ambiente abriu no mês passado um processo de chamamento, fase anterior à licitação, para a contratação do novo produto de monitoramento do desmatamento.
Atualmente, o Inpe usa o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) e o Sistema de Monitoramento da Amazônia Legal (Prodes).
O primeiro fornece dados e alertas sobre o desmatamento para ações do Ibama e o segundo calcula todo ano a área desmatada.
O sistema Planet, usado pelo Ibama para justificar uma nova contração, é oferecido pela Santiago & Cintra.
Em junho, o jornal Folha de S.Paulo informou que a empresa reuniu-se com Salles pelo menos duas vezes em 2019.
Crise no Inpe
Por conta dos dados sobre o crescimento do desmatamento, Ricardo Galvão foi demitido no dia 2 de agosto pelo presidente Jair Bolsonaro do comando do Inpe.
No começo de julho, o Inpe apontou que o desmatamento no Brasil foi de 75 quilômetros quadrados e cresceu 8,5% no ano de 2018.
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No dia 21 de julho, o presidente Jair Bolsonaro criticou o Inpe e declarou que os dados sobre desmatamento fazem “campanha contra o Brasil”. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Ricardo Galvão disse que “Bolsonaro é um covarde”.
Em seguida, Marcos Pontes convocou Galvão para prestar esclarecimentos sobre as declarações dada a imprensa. O ex-diretor do Inpe acabou demitido do cargo. Desde então a crise ambiental só cresceu no governo Bolsonaro e alcançou dimensão internacional, com direito a discussões públicas com o presidente francês, Emmanuel Macron.
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