A Advocacia-Geral da União (AGU) enviou à Meta, empresa que reúne as plataformas de rede social Instagram, Facebook, Whatsapp e Threads, uma notificação extrajudicial solicitando a remoção de um vídeo em circulação com falas falsamente atribuídas ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O autor utilizou inteligência artificial para manipular a voz do chefe da pasta durante uma entrevista.
O vídeo original, utilizado como base para a versão falsificada, foi um trecho de conversa entre Fernando Haddad e jornalistas, na qual ele antecipava os planos da Fazenda para 2025. Na versão manipulada por um usuário do Instagram, sua voz é alterada para, em tom sarcástico, anunciava que “o nosso plano é taxar tudo”, e que seriam criados impostos sobre mascotes, grávidas e prêmios de apostas. O mesmo também manipulou o discurso da atriz Fernanda Torres ao receber o Globo de Ouro, em uma versão na qual direciona agradecimentos ao presidente Lula e faz piadas sobre ter lucrado com recursos da Lei Rouanet.
“A análise do material evidencia a falsidade das informações por meio de cortes bruscos, alterações perceptíveis na movimentação labial e discrepâncias no timbre de voz, típicas de conteúdos forjados com o uso de inteligência artificial generativa”, apontou a AGU na notificação. “Mostra-se patente, portanto, o caráter enganoso e fraudulento das postagens, nos termos dos próprios Termos de Uso dessa plataforma”, acrescentaram os advogados da União.
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De acordo com a autarquia, “a liberdade de expressão não pode servir de salvaguarda para a prática maliciosa de atos que atinjam outros direitos”, no caso ferindo o direito à informação. Além de pedir a remoção do vídeo em até 24 horas, a AGU solicitou que, caso a solicitação seja negada, a Meta insira um aviso na publicação alertando se tratar de uma manipulação com inteligência artificial. Na noite desta quinta, o aviso estava inserido.
A notificação extrajudicial não vincula o pedido a um processo na Justiça, não havendo penalidade direta caso a Meta opte por não cumprir o pedido. A AGU poderá, porém, abrir uma ação caso conclua que o descumprimento ainda viola um direito coletivo relacionado à União.
A solicitação ocorre menos de uma semana após o diretor-executivo da Meta, Mark Zuckerberg, anunciar o relaxamento da política de moderação de conteúdo de suas plataformas. Uma das medidas adotadas foi o rompimento de parcerias com agências de checagem: veículos jornalísticos especializados em apurar a veracidade de materiais amplamente divulgados nas redes sociais para informar o leitor se a informação é real ou falsa.
Confira a seguir a íntegra do pedido:
Impressionante o decerviço que esse grupo meta está prestando a comunidade internacional. Deve- se aplicar leis internacionais coibindo essa bandidagem toda. As redes sociais estão se tornando párias da sociedade.Leis brasileiras devem atuar com rigor nessa área de comunicação que deveria trabalhar em prol de bem está se deteriorando cada vez mais.