Em um ano com crises ambientais que repercutiram no exterior, o tema meio ambiente ganhou espaço nas mídias sociais de deputados e senadores. Com quase 13 mil menções em pouco menos de 12 meses, o assunto ocupou a quinta e a sétima posição, respectivamente, entre 26 assuntos comentados no Senado e na Câmara, de acordo com um levantamento elaborado pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), por meio da plataforma Datatora.
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Na análise, a plataforma levou em consideração as postagens do Facebook, do Twitter, do Instagram e do Youtube, no período de 1º de janeiro a 12 de dezembro. O levantamento não leva em conta se o comentário sobre o meio ambiente foi feito de forma positiva ou negativa. Considera-se apenas a menção ao tema.
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Para o ex-secretário do Ministério do Meio Ambiente e vice-presidente do IDS, João Paulo Capobianco, 2019 foi um ano “atípico” e com muitas “polêmicas”, o que ajuda a entender o interesse pelo assunto.
Ele afirma que a mudança trazida pelas eleições de 2018, com um novo presidente e um novo Congresso, alterou os papéis costumeiramente desempenhados pelos dois poderes – se até o ano passado o Executivo era responsável por uma agenda proativa em favor do meio ambiente, em relação ao Legislativo, esse comportamento foi invertido.
“As iniciativas do Executivo foram no sentindo de flexibilizar, de tornar mais permissivas [a legislação ambiental], então isso levou a uma maior mobilização do Congresso, e com resultados positivos”, afirma.
Capobianco afirma que os dados revelam uma agenda mais “intensa” do parlamento, seja no tratamento de medidas provisórias (MP) enviadas pelo governo ou para “impedir medidas de retrocesso”.
O ambientalista acredita que a eleição de 2018 levou nomes mais ligados à causa ambiental para o Congresso e que o Legislativo tem desempenhado um papel importante em “barrar mais flexibilidade na legislação”. “O Congresso tá sendo visto como um importante parceiro, no sentido de frear esse ímpeto extremamente negativo”, explica.
Brumadinho, Amazônia e óleo no mar
O tema meio ambiente ganhou relevância ainda no começo de 2019, em janeiro, com o rompimento da barragem do fundão, em Brumadinho (MG). A tragédia deixou 254 mortos, além de um rastro de lama tóxica no rio Doce. Como consequência, os deputados criaram uma CPI na Câmara, finalizada em novembro, que determinou o indiciamento das empresas Vale, TÜV SÜD e de mais 22 pessoas. Também foi criada outra comissão no Senado.
Em seguida, as queimadas na floresta amazônica colocaram o Brasil nas manchetes internacionais, provocando comentários do presidente francês Emmanuel Macron. O problema levou à ida de representes do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) e do Ministério do Meio Ambiente ao legislativo para prestar esclarecimentos. O presidente Bolsonaro demitiu o então diretor do Inpe, Ricardo Galvão, por causa de divergência sobre números do desmatamento.
Já no segundo semestre, o derramamento de óleo na costa brasileira movimentou o Congresso e, assim como no caso de Brumadinho, levou à criação de uma CPI, ainda não finalizada. Assim como nos outros episódios, a tragédia rendeu críticas ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Nesse contexto, o senador que mais tratou do assunto em suas redes sociais foi Randolfe Rodrigues (Rede-AP), seguido por Plínio Valério (PSDB-AM), Fabiano Contarato (Rede-ES), Humberto Costa (PT-PE) e Jean Paul Prates (PT-RN).
Já os parlamentares que menos trataram do tema em seus perfis online foram o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), Reguffe (Podemos-DF), a presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Simone Tebet (MDB-MS), o recém-empossado Luiz Pastore (MDB-ES) e José Maranhão (MDB-PB).
Confira a lista completa de quantas vezes o tema foi mencionado pelos senadores nas redes sociais:
Dividindo o número de menções por representantes dos partido na casa, a sigla que mais falou sobre o tema foi a Rede, com uma média de 372 menções por senador. Aparecem em seguida PT (172), Cidadania (106), PSL (94) e PSC (94).
Na outra ponta da tabela ficam os filiados ao Republicanos (17), ao Pros (23), ao PDT (34) e ao PSB. Sem partido desde que abandonou o PSL, o senador Flávio Bolsonaro (RJ), filho do presidente, fez 13 menções.
O interesse dentro das legendas, no entanto, não é homogêneo. Nas duas maiores siglas presentes no Senado, o MDB e o Podemos, há parlamentares que mencionam o tema mais de 100 vezes, como Márcio Bittar (MDB-AC) e Styvenson Valentim (Podemos-RN), e também quem não citou o assunto uma vez sequer.
Oposição fala mais de meio ambiente na Câmara
Assim como no Senado, o tema meio ambiente repercutiu na Câmara neste ano. Dos 518 deputados, 488 mencionaram o tema pelo menos uma vez. Entre os que mais comentaram sobre meio ambiente, destacam-se parlamentares de oposição. O top 10 é composto completamente por congressistas de esquerda, com sete representantes do PT, dois do Psol e um do PSB.
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