O governo federal quer contratar uma empresa privada para levantar os dados sobre o desmatamento na Amazônia. Segundo o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, a ideia é contratar um serviço complementar ao do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que recentemente mostrou um avanço de 40% do desmatamento na Amazônia, mas teve os dados contestados pelo presidente Jair Bolsonaro.
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Salles admitiu a ideia de levar uma empresa privada para analisar a situação da Amazônia no programa Globo News Painel. “Queremos ter os melhores dados para traçar as melhores políticas públicas”, explicou o ministro, garantindo que a ideia não é substituir o trabalho que hoje é feito pelo Inpe e por outros órgãos públicos. “É trabalhar em conjunto”, afirmou.
Diretor do Inpe que foi demitido após as críticas de Bolsonaro aos dados do desmatamento, Ricardo Galvão participou do programa e pediu que a ciência brasileira de fato seja ouvida nesse novo levantamento. “Quando se trata de uma questão científica, não existe autoridade acima da soberania da ciência”, explicou Galvão, que reclamou dos planos do governo federal para o meio ambiente. “Pare com esse negócio de vender tudo para os americanos”, disse ao ministro.
Salles retrucou o ex-diretor do Inpe dizendo que houve um aparelhamento das instituições no Brasil. “O problema é quando a ideologia está disfarçada de ciência”, afirmou o ministro, que compartilhou o vídeo da entrevista dada a Globo News nas redes sociais com um comentário em inglês. Ele escreveu: “If you don’t pay, do not complain” – “Se você não paga, não reclame”, na tradução para o português.
If you don’t pay, do not complain.https://t.co/C5r6GUBULZ
Publicidade— Ricardo Salles MMA (@rsallesmma) August 11, 2019
O ministro do Meio Ambiente, que já chamou de irrisórios os R$ 3,4 bilhões do Fundo Amazônia, voltou a criticar o orçamento do programa, que é enviado para o Brasil pela Noruega e pela Alemanha. “US$ 1 bilhão para a Amazônia não é nada. Uma conta que faria sentido é a de US$ 100 dólares por metro quadrado da Amazônia, que dá US$ 500 bilhões por ano. Com isso, a gente resolve o problema da Amazônia imediatamente. Não vai ter mais ninguém pobre, passando fome na Amazônia e tendo que ir para cima da floresta para colher madeira ou fazer garimpo para alimentar seus filhos”, alegou Salles, que também voltou a defender a “exploração sustentável” de recursos como o ouro, o diamante e o nióbio da Amazônia.
Salles deve ser novamente provocado pelos deputados para prestar esclarecimentos sobre os planos do governo para a região e para o Fundo Amazônia. A expectativa é que o ministro, que saiu de uma audiência pública realizada na Câmara para tratar do assunto após bater-boca com um deputado, compareça à Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (CINDRA) da Casa. Além disso, o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) promete apresentar um pedido de informações para que o ministro apresente o orçamento e o modelo de governança que o Executivo vai aplicar na preservação da Amazônia.
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