Congressistas da bancada da bala se uniram para montar uma exposição exaltando os números positivos da polícia militar de todo país. Com imagens de policiais carregando bebês, ajudando em salvamentos e brincando com crianças, a ideia da exposição é demonstrar que a polícia é a guardiã da democracia e que os policiais são os grandes heróis da população e muitas vezes, inclusive, são vítimas de bandidos. A mostra é resultado de um “direito de resposta” a uma exposição instalada no final do ano passado, que foi batizada de “resistir para existir”, que exaltava a existência e resistência negra no país, e mostrava um desenho de um policial assassinando um jovem negro.
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Ao contrário da exposição de 2019, a da PM não tem imagens violentas. Em nenhum momento policiais aparecem em confronto. As imagens mais fortes são de policiais com armas em punho, mas sempre posando para fotos.
Os números demonstrados são positivos para a polícia militar. As imagens expostas mostram que a polícia militar conseguiu 22% de redução de homicídios e latrocínios em 2019. Os roubo de veículos no país também diminuíram, foram 24,9% casos a menos do que em 2018.
Também está exposto o número de policiais militares e civis mortos em 2018, foram 343. A mostra não traz números de 2019, pois o anuário ainda não foi divulgado.
Quebra da placa em novembro de 2019
A exposição Resistir no Brasil, que exaltava a existência e resistência negra no país, sofreu, na tarde do dia 19 de novembro de 2019, um ato de depredação por parte de um parlamentar do PSL. O deputado Coronel Tadeu (PSL-SP) quebrou uma arte que visava levar a conscientização contra o genocídio das pessoas negras.
Na imagem, um homem negro com a camisa do Brasil aparece algemado e morto no chão, enquanto um policial se afasta do local. A ilustração vem acompanhada de um texto com o título: “O genocídio da população negra”.
Antes da confusão, o Congresso em Foco havia entrevistado o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), que ficou conhecido por quebrar a placa em homenagem vereadora Marielle Franco. Para Daniel, a imagem é uma afronta para a polícia e não representa a realidade.
Letalidade policial
A parte da exposição dedicada a polícia do Rio de Janeiro tem uma exceção se comparada a de outros estados: ela não traz números positivos da PM carioca. Os dados exibidos são de 2018, que demonstram que foram mortos 343 policiais naquele ano. Em 2019 somente a polícia do Rio de Janeiro matou 1.546 pessoas, isto contando apenas até outubro.
Jenifer Gomes, Kauan Peixoto, Kauã Rozário, Kauê dos Santos, Ágatha Félix e Ketellen Gomes, todos são crianças com idades entre cinco e 12 anos que foram mortas em ações policiais no estado.
Em São Paulo a Polícia Militar matou, de janeiro a outubro, 697 pessoas, segundo dados da Ouvidoria das Polícias.
Trazendo dados do mesmo ano exposto na mostra da Câmara, é possível ver que em 2018 a violência policial aumentou 19,6% em relação a 2017. Foram 6.220 pessoas mortas por policiais militares e civis em 2018.
75,4% das vítimas foram negras, 81,5% com estudo até ensino fundamental, 99,3% eram homens e 33,6% tinham entre 20 e 24 anos. Os dados são do Atlas da Violência produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
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