Na entrevista exclusiva que concedeu ao Congresso em Foco, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado, apontou para uma coincidência de voto que teve com o bloco bolsonarista. Ele votou em Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para a presidência do Senado na disputa que ele venceu contra Simone Tebet (MDB-MS). “Eu votei no Rodrigo Pacheco, sob os protestos de que estaria fazendo o jogo de Bolsonaro. Não me arrependo”, diz Randolfe.
Para o líder da oposição e vice-presidente da CPI da Covid, Rodrigo Pacheco vem desempenhando um papel importante contra os arroubos antidemocráticos do presidente Jair Bolsonaro. Como demonstrou na rápida decisão que tomou de arquivar o pedido de impeachment feito por Bolsonaro contra o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. “Tomou uma medida correta, adequada e no tempo certo no caso Alexandre de Moraes’, avalia Randolfe. “Ele não poderia alongar isso para que se tornasse um dos álibis, uma das tentativas do presidente de esculhambar a democracia. Rodrigo Pacheco tem cumprido um papel que lamentavelmente o presidente da Câmara não cumpre”, referindo-se a Arthur Lira (PP-AL), que mantém na gaveta os mais de cem pedidos de impeachment que recebeu.
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Ao Congresso em Foco, Randolfe afirma que definiu o voto em Rodrigo Pacheco durante uma conversa reservada, em um restaurante de Brasília. “O senhor vai estar diante do biênio mais duro da história nacional para ser presidente do Congresso Nacional”, disse Randolfe a Pacheco, conforme sua versão contada na entrevista. “Um presidente do Congresso Nacional declarou vaga a presidência quando o presidente ainda estava em território nacional, chancelando um golpe de Estado”, continuou. Randolfe refere-se a Auro de Moura Andrade, que presidia o Senado em 1964, quando houve o golpe que instituiu a ditadura militar. Em uma tumultuada sessão, ele declarou vaga a Presidência da República quando o presidente João Goulart ainda se encontrava em território brasileiro. “Agora, um presidente do Senado tem a chance de não chancelar um golpe de Estado. Ele firmou esse compromisso. É esse tipo de postura que espero agora dele”, diz Randolfe.
A diferença de postura do Senado sob Pacheco e da Câmara sob Lira pode, na opinião de Randolfe, ser observada na semana passada, quando o Senado derrotou a proposta do governo de minirreforma trabalhista. “O Senado está se dando ao respeito”, considera Randolfe.
“Na Câmara dos Deputados, o que fala mais alto é o RP9, o Orçamento secreto”, ataca o senador. “É o troco pelas emendas para comprar trator está valendo mais na Câmara’, continua. “Eu vejo que no Senado muitos colegas estão tendo mais a consciência de que exercem um papel para a história”.
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