Escrevo com um profundo sentimento de tristeza. Triste porque no Brasil circula um vírus antigo e destruidor, o desrespeito pela vida.
Li no dia 16 de abril que o governador do DF pretende abrir o comércio em poucas semanas. Três linhas explicam todas as ações que serão tomadas para defender a sociedade do coronavírus quando todas as lojas, shoppings e o que mais existir estiverem abertas e cheias de gente amontoada em seus corredores.
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Não há estudos, não há previsões, não há planos que mereçam consideração e respeito. A verdade assombra pelo que tem de simples e de cruel: não há respeito pela vida do outro. Toque em frente!
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Mundo afora discutem-se os impactos da epidemia e como lidar com seu avanço. O raciocínio passa por: desacelerar o contágio para preparar o sistema de saúde, avançar em protocolos de atendimento, fornir os profissionais de saúde com os equipamentos necessários, ganhar tempo para pesquisar remédios e vacinas. Você não me ouviu, não leu, dizer que os países primeiro decidiram que vidas humanas são importantes e devem ser preservadas.
Bem, no Brasil é diferente. Donos de lojas, donos de shoppings, donos de comércio, donos de dinheiro nos mostraram de forma clara que ainda não saímos do regime da escravidão. Há pessoas, e há meias pessoas, meias coisas, bicho. Não são gente.
PublicidadeFingimos que em 1889 abolimos a diferença entre os seres humanos, mas a covid-19 mostrou que não, apenas fingimos que tudo vai bem.
Você acha que o serviço de saúde já se estruturou? Que os estoques de equipamento foram supridos? Que já temos os melhores protocolos de atendimento e equipes treinadas? Será que ganhamos todo o tempo que os cientistas precisam para identificar remédios e avançar com a vacina? Não. Claro que não. Mas o Brasil desumano não se abalou, e não vai ser agora que vai fazê-lo.
Nosso presidente da República mostrou como se faz por aqui. Viu a prudência e a responsabilidade de alguns governantes e cravou: vamos voltar ao normal! Como mais um bom líder brasileiro não perdeu a chance de ser oportunista. Não há porquê parar a máquina Brasil!
Sim, a máquina continua moendo carne de gente, passando por cima do que seja respeito, estraçalhando e jogando na beira da estrada todos aqueles que não consigam sair da frente. Vai Brasil!
Já estamos acostumados a ver gente morrer de dengue, zika, tuberculose, desnutrição, disenteria, violência, crime, trânsito. A parte do jornal que pulamos ou abaixamos o volume mostra como o brasileiro pobre vive e sobrevive. E ele já aprendeu: não espere nada do estado, e não vai ser agora…
A estrutura de valores da sociedade brasileira veio à tona em sua forma mais crua. Um lembrete que é aguilhão na alma: o Brasil não liga para a vida. Nunca ligou. Talvez no início da epidemia o vírus tenha trazida para estes trópicos um pouco de valores que tenha enfrentado lá distante. Não sabia ele que aqui poderia ser senhor. Aqui ele apenas não pode fazer a máquina do dinheiro parar, fechar a porta do shopping.
Não há dúvidas, a sociedade está doente, e o SARS-COV-2 é apenas um sintoma, ou uma chave que abriu uma janela para que possamos, mais uma vez, olhar a alma brasileira. Gostamos de achar que somos a terra do futebol, do samba e da alegria. Provavelmente esta é a carapaça que usamos para enganar a nós mesmos do bicho cruel e feio que serpenteia no lodo do individualismo mais acerbo, do egoísmo doentio temperado em altas doses de consumismo e hedonismo. Temos mostrado que somos o povo menos solidário do planeta, o mais cruel, o mais desumano, o mais mesquinho.
A única incerteza, o novo que a situação traz é que podemos estar tentando voltar ao normal, mas talvez não consigamos. Pode ser que a maldade brasileira nos faça descer, um por um, os degraus da tentativa e erro no trato da pandemia, assentando cada passada no sofrimento de milhares que não receberam a mínima solidariedade dos seus próximos. Terra triste. Povo triste.
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Ilustre, acho que não é por aí, nosso presidente está preocupado sim com a saúde, porém não podemos esquecer que já tem empresários, funcionários que perderam seus empregos ( ou a preocupação e o nervosismo de perder talvez seja até pior ) que estão entrando em depressão, enfim, isolar a população de risco é sim, sem dúvida o melhor caminho a ser tomado, e os demais precisam fazer a economia girar, caso contrário, haverá mais doentes, mortos do que o próprio corona vírus, o problema no Brasil é que temos uma imprensa que não está ajudando em nada, pelo contrário, mais atrapalhando, pois pra esses quanto pior ficar, melhor será, ou seja, querem que tudo volte a ser como antes, porém, vale lembrar que o povo brasileiro mudou, agora conseguem enxergar com seus próprios olhos, ou seja, não precisamos mais de imprensa pra ver a realidade…Vamos vencer povo brasileiro, Deus está conosco, basta fazermos tudo com precaução, e tomarmos os cuidados necessários. ( falo isso com toda franqueza, afinal faço parte da classe trabalhadora que está acompanhando toda a realidade daqui de baixo )
Força Brasil, Vamos Vencer !!!