Restam poucas opções para o presidente Jair Bolsonaro; todas as pesquisas indicam que Lula da Silva tem ampla vantagem no primeiro e no segundo turno das eleições presidenciais do ano que vem. O medo da volta do PT, que acobertava o país em 2018, agora se transfigurou em medo da reeleição de Bolsonaro.
Embora tenha se aliado ao centrão para evitar um possível impeachment, o presidente sabe que é iminente o momento em que somente sua base militante pode ajudá-lo. Os fanáticos que saem nas ruas para defender Bolsonaro podem não ser numerosos, mas fazem muito barulho, principalmente quando são estimulados por alguma narrativa que desce do Planalto em efeito cascata, passando por influenciadores e blogs sujos financiados com dinheiro público até chegar na parcela bolsonarista da população.
O discurso não é muito inteligente, mas para um coletivo condicionado a uma figura como Bolsonaro, é válido. Colocar em xeque a credibilidade do sistema eleitoral em que se elegeu é escancarar a própria contradição. Mas não importa, a lógica não existe no mundo bolsonaristas; é importante que isso fique claro, pois não iremos conseguir emancipar esses fanáticos.
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A tese é ridícula. Nunca foi comprovado nenhum tipo de fraude nas urnas eletrônicas. Os testes realizados constantemente demonstraram que sequer existe a possibilidade de alterar significativamente resultados de urnas eletrônicas através da invasão de sistemas, muito menos em escala nacional. O próprio Aécio Neves, o qual Bolsonaro diz ter sido vítima da tal fraude, aceitou os resultados de 2014 e admite que as eleições daquele ano foram limpas. Mas não é isso o que importa para Bolsonaro. O que importa é a narrativa, a vitimização, a desculpa esfarrapada para não aceitar os resultados eleitorais de 2022.
Se houvesse algum resquício de sanidade entre os governistas, o fato do presidente não privatizar nada, não enviar reformas e indicar petistas para a PGR e para o Supremo seriam suficientes para fazê-los mudar de ideia sobre o governo. Não é tão simples quando estamos falando de manipulação de massas; por isso explanarei a importância de agilizarmos o processo de impeachment.
Desde 1996, Bolsonaro e seu clã disputaram 20 eleições com urna eletrônica, vencendo 19 delas, mas somente agora que seu principal adversário aparece em vantagem, o sistema eletrônico deixou de ser confiável. O presidente soltou algumas pérolas sobre após sua saída do hospital.
“Eu entrego a faixa para qualquer um se eu disputar a eleição. Se eu disputar, eu entrego a faixa para qualquer um, mas uma eleição limpa. Agora, participar de uma eleição com essa urna eletrônica”, afirmou Bolsonaro. Um discurso indiscutivelmente característico de derrotados.
“Alguns falam: ‘Ah, o Bolsonaro foi reeleito tantas vezes com o voto eletrônico…’. Vê o pessoal de banco aí, do sistema bancário. Se usassem a mesma tecnologia dos anos 2000, 1990, não teria segurança nenhuma”, completou. Ou seja, ele disparou um argumento contra si e não respondeu nada. A urgência do impeachment se dá porque Bolsonaro deixou muito claro em suas declarações que não irá aceitar o processo democrático das eleições. É evidente que o projeto do voto impresso não irá passar na Câmara — nem em comissão especial —, então resta ao presidente incentivar seus apoiadores a se rebelarem contra o sistema eleitoral. Bolsonaro não irá aceitar a derrota, por isso devemos tirá-lo da cadeira do Planalto antes mesmo das eleições.
As manifestações do dia 12 são extremamente importantes nesse processo, pois demonstrarão a insatisfação de um eleitorado que se sentiu traído por Bolsonaro, (ao contrário das manifestações de esquerda, compostas por pessoas que sempre foram avessas ao presidente e não representam sua base eleitoral). Portanto, ao contrário do que João Doria disse em entrevista ao MBL, o presidente não tem que perder no voto, pois isso seria a brecha que ele almeja. É necessário expurgar o criminoso Jair Messias Bolsonaro da Presidência da República.
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