Uma pesquisa do Instituto Vox Populi divulgada na última terça-feira (14) confirma uma percepção que é cada vez mais clara nas conversas e nas manifestações nas redes sociais: o Brasil está cansado de Bolsonaro.
Com 15 milhões de desempregados e outros 50 milhões de trabalhadores imersos nas incertezas da informalidade, cresce o esgotamento de uma população abandonada à própria sorte.
Não bastasse a maior crise sanitária dos últimos 100 anos, o povo está exausto de arcar com as consequências da maior crise econômica da história recente e do desmantelo político de um governo que oscila entre a crueldade e a inépcia.
Nada menos do que 82% dos entrevistados condenaram a escolha de um militar sem formação médica para tocar, nesta longa interinidade, o Ministério da Saúde. E 58% consideram Bolsonaro incapaz de conduzir o País em meio à crise. Reclamar de “perseguições” que estariam “atrapalhando o governo” também não convence: 63% discordam dessas alegações.
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A pesquisa comprova, ainda, que o bombardeio feroz e ininterrupto à imagem do PT não destruiu nosso partido e teve um efeito menos intenso e duradouro do que imaginavam os adversários.
PublicidadeOs números apurados pelo Vox Populi são eloquentes: 46% dos entrevistados consideram que o Brasil era melhor sob os governos do PT e 74% reconhecem que Lula e Dilma fizeram mais pelos pobres do que Bolsonaro.
Nada menos do que 64% dos ouvidos na pesquisa afirmam que os governos do PT geraram mais empregos do que o atual presidente e 48% apontam que Lula e Dilma defenderam mais a democracia do que Bolsonaro.
Mas o Vox Populi contatou duas dificuldades do PT no diálogo com a opinião pública. A primeira é a percepção sobre o empenho dos governos petistas no combate à corrupção.
Entre os entrevistados pelo instituto, 24% afirmam que o PT combateu mais a corrupção, enquanto 46% acreditam que é Bolsonaro quem mais se destaca neste quesito.
A segunda dificuldade está no campo da segurança pública: 41% dos entrevistados consideram que Bolsonaro melhorou a segurança pública, enquanto 34% atribuem esse feito aos governos do PT.
Minha opinião sobre esses dois pontos sempre foi muito clara: precisamos falar sobre os dois temas, muito mais do que temos falado, e voltar essa interlocução para todos os públicos.
O PT tem muito do que se orgulhar de suas iniciativas para fortalecer o combate à corrupção. Jamais foram adotadas tantas medidas para assegurar a transparência, o controle público sobre os atos de governo e nunca se fortaleceu tanto a estrutura de fiscalização do Estado quanto durante nossos 13 anos de governo.
Entre essas medidas, destaco a criação da Controladoria-Geral da União (CGU), com status de ministério, no primeiro ano do governo Lula (2003). No ano seguinte, foi criado o Portal da Transparência, ferramenta que disponibiliza à população informações detalhadas e atualizadas de todos os investimentos e gastos do Governo Federal, com dados acessíveis a todos os cidadãos, sem a exigência de senha ou cadastro.
No campo da legislação o País avançou muito durante os governos petistas. Foi naquele período que o Brasil aprovou um conjunto de leis modernas e eficazes, como a Lei de Acesso à Informação, a lei que define e pune o conflito de interesses, da Lei Anticorrupção, a Nova Lei de Lavagem de Dinheiro e a Lei contra Organizações Criminosas.
No que diz respeito às instituições de investigação, fiscalização e controle, os governos petistas investiram no fortalecimento da Polícia Federal — com ampliação do quadro, valorização salarial e expansão do orçamento — e asseguraram a autonomia ao Ministério Público, por exemplo.
Como senador do PT, entendo que não devemos ser tímidos em enfrentar esse debate. Devemos falar, e muito. E não só sobre as medidas concretas dos nossos governos para combater a corrupção, mas também das acusações que foram feitas a integrantes de nosso partido.
Sempre defendi que desvios éticos sejam combatidos, mas não aceito o atropelo ao devido processo legal e ao direito de defesa e do contraditório. O combate à corrupção é importante demais para ser rebaixado a mero instrumento político.
O combate à corrupção é uma tarefa de fortalecimento da democracia, não um espetáculo a serviço da desqualificação da política. Porque os resultados do aparelhamento dessa missão de Estado são catastróficos, como prova o momento que estamos atravessando.
A ressaca da Lava Jato está cobrando um preço alto ao povo brasileiro. A cruzada contra o projeto generoso e inclusivo de Brasil implementado pelo PT e seus aliados fracassou, mas não consigo comemorar este fato quando vejo o País em frangalhos.
Das tragédias, só os perversos tiram vantagens. Para os demais — todos os de boa-fé — os flagelos deixam apenas lições. É hora de aprender.
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