O presidente de honra do PTB, Roberto Jefferson, anunciou o afastamento da presidente nacional da sigla, Graciela Nienov, neste final de semana. Ela foi acusada de traição por Jefferson. De acordo com o ex-deputado, Nienov estaria articulando com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para mantê-lo sob privação de liberdade.
“A Graciela me pediu demissão, eu aceitei, pois após os áudios do grupo dela perdeu qualquer condição moral ou política para continuar à frente da presidência. A Graciela me desqualificou e me traiu. Quis apagar minhas lutas e o meu legado”, escreveu Roberto Jefferson no comunicado, onde se identifica como “preso político”.
Roberto Jefferson está em prisão preventiva desde o ano passado, acusado de participar de um grupo de milícias digitais. As investigações são um desdobramento do inquérito dos atos antidemocráticos e o processo está sob a relatoria de Moraes no Supremo.
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Por nota, a assessoria do STF negou que Graciela Nienov mantenha contato com o ministro Alexandre de Moraes.
Leia a íntegra da nota divulgada por Roberto Jefferson:
Não dei uma palavra contra a Graciela. Eu a defendi contra todos, até com você quando me chamava atenção em relação a ela eu brigava. Briguei contra todos, contra minha própria filha [a vereadora Cristiane Brasil]. Contra o [Luiz] Rondon [secretário do PTB], o [Antônio] Albuquerque [vice-presidente região Nordeste] e suas ameaças de morte. Tanto que ele procurou o Neskau [deputado estadual Marcus Vinicius Neskau, casado com Fabiana, a outra filha de Roberto Jefferson] para me ameaçar, e ele respondeu se for pessoalmente e de frente ele pagava para ver.
Fiz dela minha continuação, mas ela se transformou numa ruptura. Nada dissemos contra ela, só falávamos a favor. O mal que está sendo dito na mídia são palavras dela e do grupo dela. Nayara [integrante do conselho de ética do PTB], Jefferson, [Rodrigo] Valadares [secretário do PTB] e Paula [integrante do PTB de Porto Alegre]. São diálogos deles num grupo secreto. As piores palavras saem dela, do Valadares e do Jefferson.
Chamam meu grupo de 5a. coluna, falam em terminar com a seita robertista, que meu grupo aluga a legenda, que meu grupo quer destruir o PTB. Eu precisei ouvir 4 vezes as gravações do grupo secreto que eles formaram. Li várias vezes os tweets que eles escreveram. Minha cabeça se recusava a aceitar. Me abalou profundamente. Da Cristiane eu poderia esperar essas atitudes, mas da Graciela que eu gostava como filha, nunca.
Repito, a crise não foi forjada por nós, mas pelas palavras de Grupo secreto da Graciela, publicadas pela Nayara que brigou com o grupo. A mim abalou. Ouvi várias vezes a zombaria feita contra mim e meus amigos. Se o PTB não tem hoje tantos deputados, foi porque nós colocamos os viciados para fora. Os presidentes regionais construirão uma nova e grande bancada.
A Graciela me pediu demissão, eu aceitei, pois após os áudios do grupo dela perdeu qualquer condição moral ou política para continuar à frente da presidência. A Graciela me desqualificou e me traiu. Quis apagar minhas lutas e o meu legado. Estou dizendo isso pelo o que ouvi do grupo secreto da Graciela.
A Graciela foi pior de que a Cristiane para mim, que foi pior do que Brutus foi para Júlio César. Quando ela me visitava na prisão ela chorava, fazia minha Ana chorar, me fazia chorar, declarando amor, lealdade e compaixão. Como ao sair de lá ela podia fazer aquelas gravações no seu grupo secreto, de zombarias desconstrução? Como?
Quem ela é na verdade? A Graci que chora pra mim ou a que ri de mim nas minhas costas no grupo secreto? Quanto a falar comigo, a Graciela sabe onde eu moro. Não sairei de casa, estou preso e incomunicável, somente podendo receber visitas de parentes próximos e de meus advogados como agora recebo. Decisão judicial. Peço a você que peça autorização ao Ministro para trazer a Graciela até aqui. Em caso de autorização, eu a receberei como só poderia ser, minha criatura querida.
Como ser humano tem meu amor, mas perdeu minha confiança para presidir nosso PTB. Eu a edifiquei como uma grande líder para a vida. Ela quis me envolver com as cordas da sepultura. Escrevo esta carta que te entrego profundamente triste e abalado.
Nossa força e vitória é Jesus!
Roberto Jefferson, um preso político.”
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