Um dia depois do Cidadania e do MDB confirmarem apoio à pré-candidatura de Simone Tebet (MDB) à Presidência, a senadora falou pela primeira em uma coletiva sobre propostas de governo. O apoio do PSDB, no entanto, segue indefinido. “O Baleia [Rossi, presidente do MDB] tem um forte aliado, que o Cidadania, para continuar nesta conversa, primeiro com o PSDB e depois com outros partidos que tenho certeza de que vão se somar”, disse.
Em abril deste ano o PSDB e o Cidadania entraram com um pedido de registro de federação no Tribunal Superior Eleitoral. O processo está em curso e, apesar das afinidades de discurso dos presidentes das legendas, o apoio tucano a Tebet permanece em negociação. A possiblidade de ser coadjuvante com um vice, ao invés de um cabeça de chapa encontra resistência de tucanos que tentam emplacar nomes como Eduardo Leite ou Tasso Jereissati.
Tebet rejeita a inversão.
“O vice, em um momento oportuno os presidentes vão dizer. A vida inteira nós fomos obrigadas a andar atrás dos homens. Não posso ser eu neste momento, como única mulher numa chapa, a dar um passo para trás. Aceitar ser vice não é um demérito e não é por mim, mas pelo que eu represento frente ao eleitorado brasileiro. Por muito tempo fomos obrigadas andar atrás. Agora não posso ser eu a dar um passo para trás.”
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A senadora também afirmou estar em conversa com o PSDB, assim como manteve conversas com João Doria e, durante a coletiva, lembrou da origem tucana, partido que derivou do MDB, bem como o apoio do MDB às gestões do PSDB.
Ela também disse que irá buscar o apoio de outras legendas, mas não especificou quais. “A partir de hoje nós começamos ao lado do presidente do Cidadania e do presidente do MDB a conversar com todos os partidos do centro-democrático, sem exceção, que tenham ou que não tenham pré-candidatos e tenho certeza que outros se somarão”.
Na segunda-feira (23) o ex-governador de São Paulo João Doria anunciou a desistência de sua pré-candidatura, após um processo de desgaste entre os tucanos. O presidente da sigla, Bruno Araújo, alegava os índices de rejeição de Doria – acima dos 60%. O prejuízo que o peso de Doria poderia trazer negativamente para o palanque de Rodrigo Garcia em São Paulo também pesou.
Voto Feminino
A posição da mulher em um eventual governo dela também foi abordada e a senadora, prometeu, caso eleita, “um ministério da paridade entre homens e mulheres”. Ela também citou pesquisas que indicam a falta de definição de um candidato entre o eleitorado feminino e criticou o discurso da “escolha do menos pior” na disputa entre os pré-candidatos Lula (PT) e Bolsonaro (PL).
“Esta eleição não pode ser pelos menos rejeitados. O Brasil passa por uma das maiores crises da sua história. Vivemos um dos momentos mais sérios e complexos do Brasil para termos que escolher entre os menos pior. E a pesquisa mostram que a maior parte das mulheres têm essa consciência e ainda não escolheu o seu candidato. É movida por esse sentimento que eu vou percorrer o Brasil dizendo que nós somos diferentes e temos uma proposta seria para apresentar ao Brasil e isso passa por um ambiente de paz, um ambiente de segurança”, discursou.
Pauta de campanha
Ainda durante a coletiva, a senadora apresentou algumas de suas posições sobre temas econômicos e sociais em um discurso moldado por pesquisas eleitorais.
Ela falou da defesa do agronegócio sustentável, do combate à pobreza, da busca por resgate de investimentos externos no país e defendeu o diálogo e presença de mulheres no governo e negros na gestão.
A pauta da segurança pública também esteve presente assim como a saúde pública, rescaldo da pandemia. Neste ponto, ela fez aceno a Doria e ao PSDB, elogiando o ex-governador a quem atribuiu a responsabilidade por “acelerar o processo de vacinação no Brasil”.
Resistência no NE
Além do PSDB, o percurso da senadora até o palanque ainda passa pela necessidade de consciliação entre alas do MDB – prioritariamente no Nordeste – que defendem a liberação do partido nos estados para apoio ao PT. Entre os nomes que divergem estão o do senador Renan Calheiros (MDB-AL) e do ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE).
Nem Renan, nem Eunício participaram da reunião da executiva nacional do partido que deliberou pelo nome da senadora como pré-candidata.
Assista à coletiva:
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