Às vésperas de expirar o prazo de sanção do Orçamento de 2022, servidores de pelo menos 40 categorias organizaram um movimento de paralisação nesta terça-feira (18) por reajuste salarial. Em Brasília, eles protestaram durante a manhã, em em frente a sede Banco Central e após às 14h no Ministério da Economia. Também acontecem atos em outras capitais como Recife e Salvador.
Apesar da revolta expressada desde o final de dezembro pelas categorias do serviço público federal com a falta de reajuste, a manifestação realizada pelos sindicatos em frente ao Ministério da Economia não alcançou um volume expressivo. Segundo os policiais militares responsáveis pela segurança no local, o ato reuniu entre 80 e 100 pessoas. Já os movimentos sindicais estimam um total de cerca de mil pessoas ao longo da manifestação, que se iniciou às 14h e durou até as 16h.
O protesto anterior reuniu um volume semelhante de manifestantes, havendo a expectativa dos sindicatos de que alcançaria um público maior pela tarde.
A adesão à paralisação de advertência, porém, contou com volumes mais expressivos, de acordo com os dirigentes. Segundo o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), o número de cargos comissionados entregues em protesto na Receita Federal já se aproxima dos dois mil. Cerca de 50% dos servidores da categoria já entraram em paralisação de advertência, medida que busca criar alerta no governo para as consequências de uma greve definitiva.
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A quantidade reduzida de manifestantes no ato era justificada de maneira antecipada por conta do avanço dos casos de influenza e de covid-19 na capital federal. Ao todo, pelo menos 30% dos servidores deverão trabalhar para não travar totalmente o expediente e resguardar o movimento.
Segundo líderes sindicais, este é o primeiro dia de paralisação. Espera-se ainda a realização de mais dois atos em janeiro nos dias 25 e 26. A categoria também prevê uma greve para fevereiro, caso não haja acordo com o governo de Jair Bolsonaro.
O grupo reivindica hoje reajuste médio de 27,2% na folha para compensar a perda inflacionária dos últimos anos.
Entre os servidores que devem aderir às greves estão: auditores da Receita Federal, funcionários do Banco Central, servidores da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), auditores e técnicos da CGU (Controladoria-Geral da União) e do Tesouro Nacional, servidores da Susep (Superintendência de Seguros Privados), auditores do trabalho, oficiais de inteligência e servidores das agências de regulação.
O impacto das paralisações já é sentido pelo governo com a suspensão de julgamentos pelo Conselho Administrativo de Recursos Federais (Carf), filas de caminhões nas fronteiras esperando inspeção e até possível aumento nos combustíveis devido à lentidão no abastecimento dos postos.
Além disso, servidores de algumas categorias também têm entregado seus cargos. Entre os funcionários da Receita, mais de 1,2 mil já entregaram seus postos comissionados. A paralisação dos auditores fiscais da RFB já reúne 1.288 pedidos de entrega de cargos de chefia. Segundo o Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco Nacional), as primeiras exonerações começaram a ser publicadas no Diário Oficial da União.
“Dia histórico”, diz presidente da Fonacate
Já na frente do Banco Central para a primeira manifestação marcada para esta terça-feira (18), o presidente do Fórum Nacional das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), Rudinei Marques, falou com exclusividade ao Congresso em Foco.
“Hoje é um dia histórico para o serviço público federal”, disse Rudinei. “Não vamos aceitar. São cinco anos de congelamento salarial”, protestou. Para Rudinei, o governo precisará sentar-se com as categorias do funcionalismo e encontrar uma solução para o reajuste.
O presidente também afirma que as manifestações desta terça são apenas o início da campanha salarial dos servidores públicos, que só vai parar com a conquista do reajuste reivindicado. “A campanha salarial dos servidores está lançada”, afirmou.
Rudinei estima que 50 categorias do funcionalismo aderiram ao movimento de paralisação estão no ato que acontece neste momento em frente ao Ministério da Economia – após uma manhã de atos no Banco Central.
Na semana que vem, de acordo com ele, outras duas manifestações estão previstas, “num crescendo” até fevereiro, quando os servidores consideram a ideia de uma greve geral.
O presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Fábio Faiad, tambem falou ao Congresso em Foco. Segundo ele, já há adesão de 50% da categoria à possibilidade de greve a partir de fevereiro. Segundo Faiad, circulam entre os servidores duas listas, uma para quem é comissionado e outra para quem não é. “Já temos 50% de adesão e queremos chegar ao final do mês com 65%”, afirma o presidente do Sinal.
Os servidores do Banco Central querem um reajuste de 19,19%. “Estamos pedindo somente o que todo trabalho tem direito: a reposição da inflação”.
Manifestantes vão ao Ministério da Economia pela tarde
Enquanto o ministro da economia, Paulo Guedes, recebe em reunião o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto; os primeiros manifestantes contra o congelamento salarial do serviço público federal se reúnem em frente ao Ministério da Economia. Trata-se do segundo ato promovido na capital nesta terça-feira (18) por entidades sindicais que juntas representam mais de 200 mil servidores.
A pauta da reunião de Guedes e Campos Neto não foi publicada, mas os movimentos contam com a discussão sobre a situação dos servidores do Banco Central. Sem reajustes desde 2019, os funcionários aguardam até o fim de janeiro uma proposta concreta de solução. A expectativa do sindicato é de que o presidente do banco atue como uma ponte com governo.
Metade do BC cruzou os braços
Faiad, do Sinal, indicou metade dos servidores do órgão estiveram de acordo com os atos de protesto nesta terça-feira.
Em ambos os protestos, o evento foi transmitido pelo YouTube da associação. Uma vez que outros funcionários não estiveram presentes por conta do avanço da covid e influenza no Distrito Federal. Faiad também afirma que não está descartada a possibilidade de, após a paralisação, uma greve acontecer no Banco Central.
“O primeiro passo é abrir o canal de conversa [com o governo]. O restante são acordos. Não havendo uma reunião e o reajuste fique apenas para policiais, seremos obrigados a partir para a radicalização e aderir uma greve por tempo indeterminado” disse ao Congresso em Foco.
Ao sindicato foi prometido uma reunião com o presidente Roberto Campos Neto até o final deste mês de janeiro. O encontro, no entanto, não possui data marcada.
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