Em todo o Brasil 5.475 prefeitos começam nesta sexta-feira (1º) mandato de quatro anos. Outros 95 ainda aguardam decisão da Justiça, pois tiveram a candidatura indeferida. Nesses casos, a posse é dada aos prefeitos das câmaras municipais. Ao todo o Brasil tem 5.570 municípios. Homem, branco, casado, com ensino superior completo e idade entre 50 e 54 anos é o perfil da maioria dos prefeitos que assumem seus postos a partir de hoje.
Realizadas em um contexto totalmente inusitado e adverso, as eleições municipais de 2020 se desenrolaram no auge da pandemia do coronavírus que, até hoje, já vitimou mais de 194 mil pessoas em todo território nacional. Disputas ideológicas consolidam um mapa político que infligiu ao PT a maior derrota do partido desde a redemocratização – a legenda não conquistou a prefeitura de nenhuma das 26 capitais estaduais – ao passo que partidos de centro e centro-direita foram os que elegeram mais prefeitos. Em comum entre os eleitos por todas as legendas, um cenário nada promissor, com a pandemia de covid-19 e dificuldades orçamentárias.
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A sigla que obteve o maior número de prefeituras foi o MDB, com 14,31% (783). Em seguida aparecem o PP, com 12,57% (688), e o PSD, com 11,93% (653).
No entanto, o número de municípios não expressa exatamente o contingente populacional que cada legenda irá governar. Em 2021, o PSDB vai liderar o maior número de brasileiros. Isso se deu, também, devido à reeleição de Bruno Covas em São Paulo, município mais populoso do país, com 12,3 milhões de habitantes. Outras cidades onde os tucanos levaram a disputa vivem cerca de 34 milhões de pessoas. Logo em seguida vem o MDB, DEM, PSD, PP e PDT, todos com mais de 10 milhões de habitantes nos municípios comandados.
Gênero
O Brasil terá 651 mulheres em prefeituras, 12% do total. Já os homens serão 4811, ou seja 87,91%. A discrepância de gênero nesta eleição demonstra que as mulheres, apesar de serem maioria da população (52%) e do eleitorado, continuam sub-representadas nas câmaras municipais.
Raça/Cor
Pretos e pardos serão 32,1% dos prefeitos no Brasil, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Um pequeno avanço em relação a 2016, quando foram 29,5%. Ainda assim os negros continuarão sub-representados, a considerar que são 56% da população em geral.
Apesar disso, os frutos de esforços coletivos, proporcionou tanto ganhos quantitativos, quanto políticos. A orientação para que recursos dos partidos sejam distribuídos proporcionalmente entre brancos e as demais raças colaborou para que as instituições buscassem mais pluralidade racial. Alguns nomes já saíram das urnas como boas promessas políticas. Entre eles, o da prefeita eleita de Bauru, Suéllen Rosim (Patriota).
Também teremos oito prefeitos indígenas e 21 prefeitos que se declararam amarelos (isto é, de origem, asiática).
Idade
A faixa etária preponderante dos prefeitos que assumirão em 2021 é de 50 a 54 anos, contabilizando 908 pessoas, 16,59% do total. Em 2016, apenas dez (1,5%) tinham idade entre 25 e 29 anos. Neste quesito, percebe-se um grande aumento da juventude na política. Em 2021 serão 117 cargos ocupados por homens e mulheres entre 21 e 29 anos. No outro extremo, temos apenas 4 prefeitos com idade entre 85 e 99 anos. O mais velho, com 95 anos, é o empresário José Braz (PP), que venceu a disputa em Muriaé (MG).
Os mais jovens possuem 21 anos, idade mínima para a candidatura. São eles: Bárbara Teixeira (PP), única concorrente em Serrinha dos Pintos (RN), eleita com 100% dos votos, Fernando Cavalcante (MDB), eleito com 54,52% em Matriz de Camaragibe (AL); Julinho Tomazela (PSDB), com 37,54% em Conchas (SP), Paulo Henrique (PP), que recebeu 51,01% dos votos em Pedra Preta (RN); e Ricardo Maia (PSD), com 49,27% em Tucano (BA).
Escolaridade
Segundo o TSE, 55,63% dos prefeitos eleitos em 2020, ou seja, 2995 políticos declararam ter o ensino superior completo. Em 2016, esses eram 52,68%. Em segundo lugar estão os que terminaram o ensino médio com um empate nas duas eleições : 25,70%, em 2020 e 25,67%, em 2016.
Ocupação
Nestas eleições, a ocupação predominantemente declarada foi a de prefeito, com 24,84%, ou seja, 1359 pessoas. Em seguida estão empresário, com 742; agricultor, com 315 e advogado, com 296. Este cenário se modificou um pouco em comparação com o anterior, onde as profissões mais cotadas foram prefeito; empresário; comerciante e médico.
Patrimônio
O Brasil elegeu mais de 1,1 mil milionários para as prefeituras. Dentre eles está Airton Garcia (PSL), o prefeito mais rico do país. Garcia vai comandar o município de São Carlos, em São Paulo. Segundo o TSE, ele declarou um total de R$440.1 milhões em bens. Airton é empresário, casado, tem 71 anos e assume o seu segundo mandato ao ser reeleito com 48,88% dos votos válidos.
Nas capitais, o prefeito de Belo Horizonte (MG), Alexandre Kalil (PSD), lidera o ranking. O empresário declarou à Justiça Eleitoral quase R$ 3,7 milhões em patrimônio. Ele foi reeleito com 63,3% dos votos.
Cinthia Ribeiro (PSDB), prefeita reeleita de Palmas (TO), vem em seguida com patrimônio de R$ 2,2 milhões. Álvaro Costa Dias (MDB), prefeito reeleito de Natal (RN), é o terceiro colocado. Declarou ter R$ 1,9 milhão.
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Thaís Rodrigues é repórter do Programa de Diversidade nas Redações realizado pela Énois – Laboratório de Jornalismo, com o apoio do Google News Initiative.
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