A Polícia Federal (PF) irá abrir um inquérito sigiloso para investigar o homicídio da líder quilombola Maria Bernadete Pacífico, 72 anos. O assassinato foi cometido no município de Simões Filho, na noite de quinta-feira (17), na Região Metropolitana de Salvador. A Polícia Civil destacou uma força-tarefa da Bahia para analisar o caso.
A Secretaria da Segurança Pública da Bahia afirma que o crime é de autoria de dois homens que entraram na casa de Bernardete, que estava com os três netos, e usaram arma de fogo para matá-la.
O filho dela, Jurandir Wellington Pacífico, acredita que a morte da mãe foi um crime encomendado por alguém que tenha interesse no território ocupado pelo Quilombo Pitanga dos Palmares, no município de Simões Filho (BA). Em entrevista à TV Brasil, Jurandir informou que a mãe era ameaçada de morte desde 2016 e avaliou que o assassinato dela é uma consequência da impunidade do assassinato do irmão dele e filho de Bernadete, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, mais conhecido como Binho do Quilombo, morto também a tiros em 2017.
“É crime de mando, crime de execução, não tem para onde correr, igual ao de Binho do Quilombo”, afirmou o filho da vítima. “Eu já perdi meu irmão, já perdi minha mãe, só resta eu, eu sou o próximo”, concluiu.
Jurandir fez um apelo ao governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, e ao Ministério da Justiça e Segurança Pública para que eles deem uma resposta à sociedade.
Questionado sobre quem estaria por trás do assassinato, Jurandir respondeu: “Especulação imobiliária, grilagem de terra, política, grandes empreendimentos, tudo isso aí”.
Crime
Segundo o filho de Bernadete, o crime ocorreu enquanto ela via televisão.
“Ela estava sentada no sofá assistindo com dois netos e mais duas crianças. Os dois meliantes adentraram na casa, botaram as crianças no quarto e executaram minha mãe com mais de 20 tiros”, relatou.
O filho de Bernadete destacou que a família sempre liderou a comunidade e que Bernadete há mais de 40 anos representava o quilombo, além de participar de movimentos sociais ligados à cultura e ao movimento negro.
“Ontem, Simões Filho perdeu uma das maiores representantes da cultura do município. Chamava-se Mãe Bernadete. Uma das maiores representantes do movimento negro da Bahia, do Brasil e do mundo”, lamentou.
Proteção à testemunha
Jurandir confirmou que a mãe estava no programa de proteção à testemunha e, por isso, havia câmeras em volta da casa, mas que os policiais só visitavam o local por 20 ou 30 minutos por dia, não ficando de prontidão na comunidade.
“Os meliantes sabiam os horários que eles [os policiais] iam e atacaram. Tanto que na hora que executou minha mãe, cadê a proteção? A única coisa que ficou foram as câmeras que gravou”, afirmou
* Com informações da Agência Brasil
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