Uma pesquisa quali-quantitativa, ou quali-quanti, definiu a escolha do PSDB, MDB e Cidadania pelo nome da senadora Simone Tebet (MDB-MS) como a candidata única dos três partidos para a chamada terceira via à Presidência da República. Os três partidos decidiram pela candidatura de Simone nesta quarta-feira (18).
Uma pesquisa quali-quanti reúne ao mesmo tempo as duas metodologias: da pesquisa quantitativa, que apenas observa a quantidade proporcional de intenção de voto em um candidato, com a qualitativa, que busca identificar qualidades que se agregam aos nomes e as possibilidades e tendências relacionados a eles.
Pelas conclusões da pesquisa, os três partidos consideraram que Simone Tebet reuniria mais condições de agregar como candidatura única que o ex-governador de São Paulo João Doria.
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De fato, se a pesquisa fosse somente quantitativa, Doria, que tem 3% das intenções de voto na média das pesquisas, teria vantagem sobre Simone, que tem em torno de 1%. Mas o primeiro fator a ser considerado é que 3%, em pesquisas com margem de erro entre dois e três pontos percentuais, também é muito pouco. O que a pesquisa quali-quanti mostrou, porém, é que Doria é um nome bem mais conhecido que Simone e com rejeição bem mais alta. Ou seja: a chance dele vir a crescer para além do seu percentual seria bem mais bem baixa que a chance de Simone.
A pesquisa conclui que há hoje cerca de 40% do eleitorado que ainda não se definiu por nenhum dos dois nomes que polarizam a disputa – o presidente Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – ou que hoje declaram voto em um dos dois mas admitem poder mudar de candidato.
A maioria desse percentual considera que a polarização entre os dois candidatos é ruim para o país e que um nome só que unificasse uma alternativa poderia ter chances. Ou seja, para os eleitores pesquisados, a terceira via pode ter chances se formar um projeto único, e chance bem menor se estiver dispersa entre várias candidaturas.
Na avaliação qualitativa feita entre Lula e Bolsonaro, prevaleceu, segundo fonte ouvida pelo Insider a ideia de que Lula “roubou, mas fez” e Bolsonaro “roubou, mas não fez nada”. Ou seja: a ideia de corrupção, com as denúncias mais recentes sobre seu governo, também já colou em Bolsonaro. Assim, ambos seriam uma má solução, mas Lula melhor que Bolsonaro porque, pelo menos, realizou coisas importantes.
Nesse sentido, uma alternativa que estivesse mais próxima dos ideais democráticos que Lula representa do que do viés autoritário e conservador de Bolsonaro poderia ter mais chances.
De acordo com a fonte, a unificação em torno de Simone também poderia ajudar a resolver problemas internos. Para os partidos, seria interessante ter uma candidatura própria única, até para negociar apoios depois. Os dois principais partidos no grupo, PSDB e MDB, têm possibilidades regionais de andarem juntos. Em São Paulo, o MDB poderia apoiar a candidatura do governador Rodrigo Garcia, do PSDB. No Rio Grande do Sul, o PSDB poderia vir a apoiar o ex-governador Eduardo Leite, caso ele volte à disputa. No Pará, o PSDB pode ter a vice no projeto de reeleição do governador Helder Barbalho.
Assim, pode ser interessante aos dois partidos estarem unidos.
Segundo a fonte, Doria já tinha sinais de que acabaria preterido desde que tirou o presidente do PSDB, Bruno Araújo, da coordenação da sua campanha. Ele, porém, ignorou que, independentemente disso, Bruno Araújo era quem negociava a terceira via com os demais partidos. Quando, na semana passada, as bancadas estaduais referendaram o nome de Bruno Araújo para seguir na negociação, o resultado contra Doria já estava definido.
O anúncio oficial da escolha de Simone Tebet só não foi feito nesta quarta-feira (18) porque os comandantes dos três partidos preferiram ganhar tempo para articular a escolha internamente. Especialmente no PSDB, onde os grupos ligados a Doria podem ter maior resistência.
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