Mesmo após a renúncia de João Doria ao governo de São Paulo para concorrer às eleições para a Presidência da República pelo PSDB, seu partido não descarta a possibilidade de substituir o seu nome, ou mesmo de abrir mão de uma candidatura própria e apoiar o candidato de outro partido. Em conversa com o Congresso em Foco, o ex-deputado e co-organizador das prévias do PSDB, Marcus Pestana, afirmou que a legenda dará sua palavra final conforme o que for acordado com os demais partidos da terceira via.
Apesar de ter recebido o apoio de 54% da militância de seu partido nas prévias de novembro de 2021, Doria nunca conseguiu alcançar um desempenho considerável nas pesquisas de intenção de voto. Na quinta-feira (31), data em que renunciou ao governo de São Paulo, chegou a se cogitar na legenda a possibilidade de desistir de sua candidatura, o que acabou não acontecendo. Ao mesmo tempo, ainda concorre com o ex-governador gaúcho Eduardo Leite, que também se apresenta como um possível pré-candidato.
Apesar de perder nas prévias, Eduardo Leite permanece com apoio de diversas lideranças importantes dentro do PSDB, como o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) e o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). O ex-governador do Rio Grande do Sul ainda conta com o aval do presidente do partido, Bruno Araújo, para articular a apresentação de seu nome como candidato no lugar do próprio João Doria.
As disputas internas no ninho tucano, porém, não são a maior ameaça à candidatura de João Doria. Externamente, o PSDB trabalha em conjunto com o União Brasil e com o MDB ao redor da formação de uma aliança para concorrer contra Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Nesse debate, Marcus Pestana já antecipa que a prioridade do partido será encontrar um nome que traga consenso no bloco, independente de quem for. Nomes de fora do partido não ficam descartados.
“O PSDB fez um processo decisório interno na forma das prévias. Mas a questão não está mais nas mãos do PSDB. A questão agora é quem representa o centro democrático, qual a chapa de presidente e vice que possui minimamente as condições para conseguir concorrer de forma eficaz contra Bolsonaro e Lula. Essa é a pergunta. Não é mais quem que é o candidato do PSDB”, explicou.
Nesse debate, João Doria já conta com dois fortes obstáculos: ao mesmo tempo que concorre com a emedebista Simone Tebet (MDB-MS), o paulista conta com a oposição de quadros importantes do União, como seu vice presidente Junior Bozzella (União-SP), que enxerga o ex-governador como um quadro pouco confiável, em especial após a sua suposta desistência da campanha.
A escolha desse nome de terceira via, segundo Pestana, é uma questão de sobrevivência para os três partidos na campanha presidencial. “Lula não vai cair para menos de 35% das intenções de voto. Bolsonaro também não cai para menos de 25%. O candidato da terceira via precisa ser alguém entre 25% e 30%. Se não nos juntarmos vamos ter um candidato com 10%, outro com 8%, outro com 3%, e vamos ficar na mesma polarização de 2018”, apontou.
Além da necessidade de encontrar um nome comum, o ex-deputado destaca que o partido não conta mais com o papel de liderança que possuía nas eleições anteriores. “O PSDB foi protagonista e líder do bloco de centro nas eleições de 2002, 2006 e 2014. Hoje, o União Brasil e o MDB são maiores do que o PSDB. E nós precisamos ter essa humildade. Não estamos mais na era Fernando Henrique, nós somos menores”, relembra.
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