O setor econômico mais afetado mundialmente pela pandemia da covid-19 foi o turismo. Apenas no Brasil, a média anual de turistas caiu de 6 milhões em 2019 para pouco mais de 2 milhões em 2020. Passado esse período nebuloso, é chegada a hora de devolver ao setor seu devido protagonismo.
Este momento vem com a celebração de 20 anos de criação do Ministério do Turismo (MTur). Nessas duas décadas de existência, vivenciamos o aumento do fluxo de turistas estrangeiros, a melhoria da infraestrutura e a criação de produtos turísticos inovadores. Contudo, não podemos ignorar que o setor perdeu investimentos e oportunidades nos últimos anos, o que nos fez cair 21 posições no Ranking Global de Competitividade em Viagens e Turismo do Fórum Econômico Mundial, passando da 28ª para a 49ª posição, em 2021.
O governo Bolsonaro cortou investimentos e burocratizou o setor, dificultando o surgimento de novas empresas e a operação dos negócios no Brasil. Como resultado, o número de turistas internacionais caiu para 5,9 milhões em 2019. Enquanto Lula investiu R$ 13,7 bilhões em infraestrutura turística, entre 2003 e 2010, o governo Bolsonaro investiu somente R$ 2,9 bilhões, entre 2019 e 2022.
Enquanto isso, Portugal se destaca a nível internacional no impulsionamento do setor, o que foi essencial para a recuperação de sua economia. Não por acaso, o turismo português recebeu o título de “motor da economia”. Ao todo, 22,3 milhões de turistas estrangeiros visitaram Portugal em 2022, número muito superior ao Brasil. Em quase 10 anos, o setor aumentou sua contribuição para o Produto Interno Bruto (PIB) de 3,4% para 12,2%, em 2022.
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É simbólico que o MTur complete 20 anos sob a gestão do mesmo governo que o criou e isso demanda uma retomada do protagonismo do setor. Somente nos cinco primeiros meses do ano, mais de 3,2 milhões de turistas estrangeiros visitaram o Brasil, 92% do total registrado nos 12 meses de 2022. Segundo o Relatório de Impacto Econômico do Conselho Mundial de Viagens e Turismo, o setor será responsável, neste ano, pela geração de 8 milhões de empregos e 7,8% PIB, superando em 5% os valores pré-pandemia, em 2019.
Essa recuperação é reflexo também do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos e Turismo (Perse), iniciativa inédita aprovada no Congresso Nacional, que possibilitou um aporte de R$ 2 bilhões para o setor e benefícios que garantiram sua sustentação no período econômico mais difícil do Brasil.
O atual ministro do Turismo, Celso Sabino, tem um cenário desafiador pela frente. É preciso investir em políticas para qualificar mão de obra, simplificar processos, reafirmar um compromisso com um turismo sustentável e inclusivo, trabalhar junto à Embratur para a promoção da imagem do Brasil, que retoma suas origens de país de belezas, culturas, tradições e oportunidades únicas, além de buscar investimentos de infraestrutura.
O ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, também tem anunciado uma série de medidas como baratear o custo das passagens de avião, a redução da carga tributária sobre o setor aéreo e a abertura de novos aeroportos, tornando o Brasil um destino mais acessível.
Vontade há. Falta agora a execução de um planejamento que valorize todo o potencial turístico do Brasil.
* Felipe Carreras é deputado federal pelo PSB de Pernambuco e presidente da Frente Parlamentar do Turismo na Câmara dos Deputados.
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