* Jornalista, escritor e ex-preso político, Celso Lungaretti mantém o blog Náufrago da Utopia.
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"Trump se estrumbica e vai ser expelido da Casa Branca nas eleições do ano que vem" [Imagem Pixabay]
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Por Celso Lungaretti*
Os seres humanos não suportam viver indefinidamente sem compaixão. Então, os períodos de desumanidade capitalista exacerbada vêm, desde o final da 2ª Guerra mundial, alternando-se com os de amenização dos rigores, em que algumas demandas sociais são satisfeitas e se restabelece, aos poucos e por pouco tempo (dificilmente chega a duas décadas), um ambiente de relativos otimismo, esperanças e solidariedade.
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É o que já se prenunciava com o refluxo da onda de extrema-direita nos três principais países em que se testou e foi reprovado o modelo execrável que combinava uma volta ao capitalismo selvagem na economia, ao totalitarismo dos anos de chumbo na política e ao rançoso moralismo medieval nos costumes.
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Trump se estrumbica e vai ser expelido da Casa Branca nas eleições do ano que vem, o governo Bolsonaro derrete e esfacela-se grotescamente e o brexit cada vez mais se demonstra inexequível e desastroso.
Mas, se o bode visivelmente está começando a ser retirado da sala, faltava uma pauta positiva, que mobilizasse os cidadãos para objetivos capazes de lhes proporcionar ao menos alguma melhora em suas condições de vida, já que as receitas ultradireitistas (protecionismo econômico, isolamento nacionalista em contraposição ao globalismo e imposição ilimitada da lei do mais forte) só pioraram o que já estava péssimo.
Daí a importância da evolução em curso nas propostas do Partido Democrata para sua mais do que provável volta ao poder. As quais, lá prevalecendo, evidentemente repercutirão e gerarão consequências em escala global.
Eis um trecho do artigo “Mundo precisa dar um jeito em Gotham City”, do jornalista Fernando Canzian, que dá uma boa noção dessa guinada:
“…parece promissor que o tema [da desigualdade de renda] finalmente tenha sido central no debate de 3ª feira (15) entre os pré-candidatos democratas para a eleição do ano que vem nos EUA.
A senadora por Massachusetts Elizabeth Warren, que desponta como uma das favoritas à indicação do partido, voltou a defender uma taxação progressiva, no que foi acompanhada pela maioria dos postulantes. Seu plano é uma nova taxa de 2% para patrimônio familiar acima de US$ 50 milhões (R$ 205 milhões) e de 3% para os maiores que US$ 1 bilhão (R$ 4,1 bilhões), com potencial de arrecadar US$ 2,75 trilhões em dez anos para políticas sociais.
Vários pré-candidatos também prometeram aumentar o salário mínimo nos EUA e fortalecer os sindicatos, cujo declínio seria um dos motivos para a desigualdade recorde no país.
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A greve da General Motors também entrou no debate. Em setembro, e pela primeira vez em 12 anos, a United Auto Workers levou 48 mil funcionários da montadora a uma greve por melhores salários, obrigando a empresa a oferecer aumentos e benefícios aos grevistas”.
O pêndulo da História agora se move para a esquerda. Mas, se não eliminarmos as causas maiores desse movimento pendular, depois da fase do alívio virá outra temporada de horrores e retrocessos, pois o que se vislumbra não é uma solução, mas, apenas, uma daquelas obras de reforço que se fazem em edifícios ameaçados de desabar, para mantê-los em pé por mais uns tempos.
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