Morreu nesta quinta-feira (29) o ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, aos 86 anos. De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), entidade que Paolinelli presidia, o ex-ministro e engenheiro agrônomo apresentou complicações após uma cirurgia para colocar uma prótese no fêmur e chegou a ficar quase 30 dias internado no Hospital Madre Tereza, em Belo Horizonte.
“Paolinelli foi uma figura ímpar no campo da agricultura brasileira, deixando um legado significativo para o setor. Sua trajetória exemplar como engenheiro agrônomo, pesquisador e líder inspirou gerações de profissionais e contribuiu de forma inestimável para o desenvolvimento agrícola do país”, destacou a associação, em nota de pesar.
A Frente Parlamentar da Agropecuária lamentou a morte do engenheiro agrônomo (veja a íntegra mais abaixo).
Nascido em 10 de julho de 1936 Bambuí (MG), Paolinelli deixou sua cidade natal aos 15 anos para cursar o ensino médio em Lavras (MG), onde também se formou engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Agricultura de Lavras. Em 1971, foi convidado para assumir a Secretaria de Agricultura de Minas Gerais com o desafio de implantar uma nova matriz produtiva no estado.
Paolinelli assumiu o Ministério da Agricultura no governo de Ernesto Geisel em março de 1974 e abriu um período de políticas para o setor e para o desenvolvimento do Centro-Oeste brasileiro. Priorizou a ciência e estruturou a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), criada na gestão do ex-ministro da Agricultura Cirne Lima, em 1972.
Sob o seu comando, o Brasil enviou cerca de 2 mil pesquisadores mundo afora para que, quando retornassem, as pesquisas tivessem como foco a tropicalização da ciência agrária. Em 2021 Paolinelli foi indicado a concorrer ao Prêmio Nobel da Paz pela sua contribuição ao desenvolvimento da agricultura tropical.
Além das realizações no campo político, em 2006, seu trabalho no estudo do potencial agrícola do Cerrado associado à segurança alimentar e ao desenvolvimento sustentável foram premiados com o World Food Prize.
Fundou, em 2012, o Fórum do Futuro, voltado ao debate sobre o desenvolvimento sustentável, com foco em inovação, tecnologia e pesquisa. Estava à frente do Projeto Biomas Tropicais, que oferece um novo caminho para a produção alimentar, preconizando a precedência da ciência na definição dos limites de uso sustentável dos recursos de cada bioma, antes do seu uso econômico.
Nas redes sociais, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, lamentou a morte do ex-ministro e se referiu a Paolinelli como um dos maiores nomes da agricultura brasileira.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, também lamentou a morte de Paolinelli. No Twitter, ele postou que o ex-ministro deixa um legado inquestionável “que supera barreiras do tempo e deixa sua marca eternizada”.
“Seu trabalho fez nascer no país uma das maiores potências agropecuárias do mundo. Mais que isso, seu legado alimenta as famílias e a ciência”, escreveu Fávaro.
Com muito pesar, lamento o falecimento do ex-ministro da Agricultura e Pecuária, Alysson Paolinelli. Seu legado inquestionável supera as barreiras do tempo e deixa sua marca eternizada… pic.twitter.com/tHCQ5ebTfu
— Carlos Fávaro (@Carloshbfavaro) June 29, 2023
Veja a íntegra da nota da FPA sobre a morte do ex-ministro:
“A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) lamenta profundamente a morte do ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli, principal responsável pela transformação da agricultura brasileira.
O legado deixado por Paolinelli ultrapassa qualquer tempo e apesar de ter um início, é impossível mensurar o alcance de sua contribuição para o setor e o desenvolvimento que permitiram a expansão da revolução agrícola tropical sustentável.
Herança essa que se eternizará, também, na incansável busca de Alysson Paolinelli para melhorar a qualidade, a quantidade e a disponibilidade de alimentos no mundo. Ele liderou na década de 70 o salto científico e tecnológico que colocou a agricultura tropical, em especial o bioma do Cerrado brasileiro, no centro da produção de alimentos do planeta.
Paolinelli foi, igualmente, um incentivador da pesquisa, ciência e tecnologia. Não à toa, enquanto ministro da Agricultura, entre março de 1974 e março de 1979, modernizou a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que há dois meses, dia 26 de abril, completou seu cinquentenário.
Paolinelli viveu o presente com os sonhos de um futuro, que chegou graças ao trabalho e obstinação de quem percebia no agro brasileiro o principal motor social e econômico de uma nação.
O tempo nunca poderá apagar a grandiosidade daquele que deu voz à produção agrícola tropical, elevando-a a patamares jamais imaginados. Com seu espírito audaz e incansável, Paolinelli persistiu, desafiando as adversidades e defendendo uma visão revolucionária.
Seu legado é imortal e seu nome ecoará pelos séculos, como o visionário que desbravou os horizontes da produção agrícola, abrindo caminho para uma era de abundância e prosperidade. A história jamais esquecerá o brilhantismo de Alysson Paolinelli, um verdadeiro herói da agricultura tropical.
Frente Parlamentar da Agropecuária”
(Com informações da Agência Brasil)
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