Coordenador nacional de Comunicação da Aliança Nacional LGBTI+, o historiador e teólogo Gregory Rodrigues de Roque de Souza defende que a legislação eleitoral possua percentuais mínimos dentro dos partidos para candidaturas de pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexuais (LGBTI+).
“Creio que é de extrema importância que se garanta a equidade dos percentuais presentes no Congresso brasileiro”, disse. Em entrevista ao Congresso em Foco, Gregory falou, ainda, da ausência de LGBTI+s na direção de partidos e da dificuldade da direita em lidar com a temática.
Na sua avaliação, é mais importante ter LGBTI+ com mandatos e defendendo suas causas, ou o fato de políticos que não são LGBTI+ defendendo as pautas do segmento já é necessário? Há um diferencial?
Claramente, há um diferencial quando alguém fala por ela. Precisamos cada vez mais de representatividade, ocupar os espaços que sempre nos são negados. Ter aliados é importante com toda certeza, não se faz democracia sem a construção de alianças. No entanto, aqueles vivem determinada realidade falarem sobre si mesmos trás além de tudo legitimidade ao discurso.
Os partidos de esquerda apresentam mais pré-candidaturas de LGBTI+s. A direita tem mais preconceito com os projetos políticos dos LGBTI+s?
Não podemos dizer que a direita é por unanimidade preconceituosa, há aliados, mas sim, encontramos maior resistência com pautas progressistas por parte deste seguimento. Mas acredito que há possibilidade de diálogo sempre.
O anúncio do ex-governador Eduardo Leite, que se declarou gay, um fato inédito, pode ajudar a direita a melhorar o diálogo com os LGBTI+s? Ou até mesmo abrir novos caminhos?
Acredito. O diálogo nasce da provocação, nasce em meio a diferença, é a partir dela que se constrói um consenso, que se constrói sensibilização.
No geral, os partidos políticos criam frentes LGBTI+s, núcleos. Mas não vemos nenhum grande dirigente partidário LGBTI+ no cenário atual. Qual seria a causa dessa ausência? Falta de interesse dos LGBTI+s ou despreparo desses partidos para lidar com esse público?
Primeiramente, acredito que falta por parte das estruturas partidárias incentivo na preparação dos afiliados, falta por parte dos partidos, mais uma vez, fomento para que estes representantes cresçam e não sejam vistos apenas pela sigla LGBTI, pessoas LGBTI+s podem ocupar grandes cargos, podem e devem ser vistas por suas demais qualidades, que são pontos positivos na construção politica. Nós, pessoas LGBTI, somos muitos e muitas, somos diversos, diversos nas suas mais variadas vertentes, academicamente falando, socialmente falando, enfim somos muitos.
É importante ter alguma ação afirmativa na legislação eleitoral no sentido de garantir percentuais mínimos de candidaturas LGBTI+s, como já ocorre com mulheres?
Creio que é de extrema importância que se garanta a equidade dos percentuais presentes no Congresso brasileiro. Existe a necessidade urgente de promover fomento a todas as candidaturas, de forma que o pleito torne-se igual em chances para todos. Há ainda grande concentração de poder econômico em alguns candidatos em detrimento de outros e isso inviabiliza muitas vezes a realização das campanhas dos demais candidatos que nem sempre recebem apoio dos partidos (financeiramente falando).
Eu não sou favorável a cotas no parlamento em si (no Congresso), mas eu sou favorável a existência de cotas para os partidos. Eu sou a favor de cotas nos partidos para candidaturas para que mais pessoas LGBTI+s, mais pessoas negras, mais mulheres, tenha o apoio e a possibilidade de se candidatar e tenham o fomento necessário por parte dos partidos para que elas consigam participar de uma eleição justa e igualitária.
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