Às vésperas de suas convenções nacionais, as direções do PT e do PSB enfrentam dois focos de conflito: a resistência da vereadora Marília Arraes (PT), em Pernambuco, e do ex-prefeito Márcio Lacerda (PSB), em Minas Gerais, em retirar suas respectivas candidaturas.
Em movimento articulado, os dois não aceitam sair da disputa eleitoral para que o PSB declare neutralidade na corrida presidencial, decisão que deverá ser ratificada neste domingo (5) em reunião da executiva do partido em Brasília. Pelo trato, uma legenda apoiará a outra nesses estados. Em Pernambuco, o PT apoiaria a candidatura à reeleição do governador Paulo Câmara (PSB), em Pernambuco, e o PSB a de Fernando Pimentel, em Minas.
Além das composições regionais, a medida tem como objetivo asfixiar a candidatura de Ciro Gomes (PDT), vista como obstáculo às pretensões do PT por avançar sobre o eleitorado de esquerda e centro-esquerda.
Nessa quinta-feira (2) o diretório estadual do PT em Pernambuco aprovou a candidatura de Marília Arraes, neta do ex-governador Miguel Arraes, por 230 votos a 20. “Pernambuco vai ter uma governadora do PT, sim. Estamos aqui para decidir o futuro de Pernambuco depois de mais de um ano de construção. Nós respeitamos os pensamentos divergentes, mas é preciso respeitar o desejo das bases do PT e do povo pernambucano”, afirmou ela.
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Marília chamou o PSB de “falsa esquerda” e acusou a sigla de chantagear o PT. “Não adianta mais tentar unir a esquerda por meio de chantagem. É o que o PSB está fazendo. O PSB chantageia o PT”, atacou.
Depois de dizer que recebeu a notícia sobre o acordo com “indignação, perplexidade, revolta e desprezo”, Lacerda ameaçou ontem levar sua resistência à Justiça. “É possível uma judicialização. Tudo o que estiver ao nosso alcance para defender a candidatura, nós iremos atuar dentro dessas possibilidades”, disse o ex-prefeito de Belo Horizonte, segundo o Estadão.
Lacerda levará sua candidatura à convenção estadual do partido, marcada para este sábado, e diz que pretende comparecer ao encontro nacional do PSB, em Brasília, no domingo, para reivindicar a manutenção de sua candidatura em Minas.
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