As eleições municipais de 2020 terão o menor número de parlamentares candidatos desde 1992, segundo levantamento preliminar do Congresso em Foco. Este ano, 69 parlamentares – 67 deputados federais e dois senadores (veja a lista) – irão se candidatar a algum cargo nas eleições municipais de 2020. Dados do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) mostram que a média histórica era de 94 nomes.
Os registros das candidaturas se encerraram no último fim de semana. Inicialmente, era esperado um número maior de candidatos, porém houve redução porque muitos parlamentares retiraram suas candidaturas em prol de apoio a outros postulantes.
Segundo o Diap, o pleito municipal de 1996 havia registrado o maior número de candidatos: 121, dos quais 117 eram deputados federais e quatro, senadores. O menor número já registrado tinha sido nas últimas eleições municipais, de 2016, com total de 83 congressistas postulantes, sendo 81 deputados e dois senadores.
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Fonte: Congresso em Foco e Diap
Segundo a cientista política Giuliana Franco, as convenções partidárias funcionam como um termômetro para que o parlamentar identifique o apoio dentro do próprio partido e da base eleitoral. “Existe a tendência de os parlamentares, de uma maneira geral, nas convenções partidárias, colocarem seus nomes para fazerem esse teste dos correligionários”, avaliou ela.
Neuriberg Dias do Rêgo, especialista do Diap, explica que os deputados e senadores tendem a usar este momento de disputas municipais para construir suas bases para a reeleição. “Muitos parlamentares estão trabalhando com essa perspectiva de ter candidato ou apoiar a reeleição de algum prefeito do que ele próprio disputar”, disse.
Os dois especialistas concordam que o pleito deste ano será bastante disputado, especialmente para o cargo de vereador, dado que a reforma política de 2017 impediu as coligações para cargos proporcionais. “Vai haver uma maior competitividade agora. Em função disso, os vereadores que vão buscar a reeleição vão num cenário muito dividido, com muitos candidatos”, disse.
A força do bolsonarismo
As eleições municipais também servirão para testar nas urnas a força do bolsonarismo. Neuriberg afirma que, como a popularidade do presidente Jair Bolsonaro está alta, o número de candidatos próximos a ele tende a ser elevado, muitos dos quais virão das bases militar e evangélica. Por sua vez, a esquerda estará pulverizada e coligações históricas não serão verificadas este ano. Um exemplo é o PCdoB, que lançou candidatura própria na capital paulista, rompendo tradição.
Espera-se também que a disputa ideológica nacional seja refletida nas eleições municipais. Nesse contexto, PT e PSL devem antagonizar. A analista política Giuliana Franco pontua que o PT ainda é o maior partido de esquerda a fazer o contraponto ao bolsonarismo, enquanto o PSL, antigo partido do presidente, continua tendo forte vinculação. “Como o presidente não tem partido e ficou sem legenda, o PSL ainda está associado ao nome dele”, pontuou Giuliana.
Entre as 24 legendas com representação no Congresso, as que terão maiores desfalques diretos serão justamente o PT (nove deputados e um senador candidatos) e o PSL (com sete deputados postulantes). Em seguida, Republicanos tem seis postulantes e PSB tem cinco. O Novo e a Rede são as únicas agremiações que não devem lançar congressistas ao pleito municipal.
Fonte: Congresso em Foco
Dos 67 deputados candidatos, dois irão pleitear a vice-prefeitura de São Paulo: Luiza Erundina (Psol) é vice na chapa de Guilherme Boulos (Psol) e Carlos Zarattini (PT) é vice de Jilmar Tatto (PT). O deputado Pedro Uczai (PT-SC) é candidato a vice-prefeito de Chapecó, a deputada Edna Henrique (PSDB-PB) é vice-candidata à prefeitura de Monteiro, Paulo Marinho Jr. (PL-MA) disputa a prefeitura de Caxias e Deuzinho Filho (Republicanos-CE) aspira a vice-prefeitura de Caucaia. O restante – 61 deputados e dois senadores – disputará a prefeitura de municípios espalhados por 25 estados (o Acre não possui candidatos a prefeito e o DF não tem eleições municipais).
No caso de São Paulo, há uma disputa entre o atual governador, João Doria (PSDB), e o presidente Jair Bolsonaro, já que os dois são virtuais candidatos a presidente em 2022. Doria aposta na reeleição do atual prefeito, Bruno Covas, de seu partido, enquanto o apoio de Bolsonaro, que afirmou que não se envolverá diretamente com as eleições, está sendo disputado por candidatos do campo do centro e da direita. “A não reeleição do Bruno Covas pode sinalizar que o Doria perdeu apoio da população e isso reduz a possibilidade de ele ser um candidato à altura do presidente atual”, avaliou a cientista política Giuliana Franco.
Fonte: Congresso em Foco
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