A Educafro Brasil, o Centro de Defesa dos Direitos Humanos Pe. Ezequiel Ramin, o Observatório da Aporofobia Dom Pedro Casaldáliga e a Pastoral de Rua da Arquidiocese São Paulo – onde atua o padre Julio Lancellotti – anunciaram nesta quarta-feira (7) que vão processar o estado de São Paulo por conta de um caso de tortura envolvendo abordagem policial a um morador de rua.
As entidades denunciam o caso de um vídeo que percorreu as redes sociais, onde membros da Polícia Militar (PM) de São Paulo colocam, à força, um homem com braços e pernas amarrados dentro do veículo policial. Na gravação, uma voz chega a se referir ao homem como “essa criatura aqui”.
Na nota, as entidades descrevem o ocorrido: “A gravação mostra o indivíduo tendo os pés e as mãos amarrados com uma corda e depois arremessado em uma maca e colocado à força dentro de uma viatura policial. Durante todo o episódio, o homem emite gemidos de dor e, ao ser colocado no porta-malas do veículo, suplica por calma, afirmando estar cooperando”. Ainda segundo a nota, a cena “é repugnante e nos remete à triste herança de nosso regime escravista, cuja cultura de desumanidade ainda persiste em nossa sociedade”. O texto ainda ressalta a semelhança da cena com o caso de Genivaldo de Jesus, que foi assassinado por agentes da Polícia Rodoviária Federal em Sergipe por asfixia, em uma câmara de gás improvisada.
O próprio Julio Lancellotti chegou a repercutir o caso por rede social. Em publicação no Twitter que reproduz o vídeo, questiona: “A escravidão foi abolida?”
Abordagem da PM com um irmão em situação de rua na UPA Vila Mariana . A escravidão foi abolida ? pic.twitter.com/okrwGju1hh
— JULIO LANCELLOTTI (@pejulio) June 6, 2023
As entidades que vão processar o estado de São Paulo informaram que vão ajuizar uma ação civil pública solicitando uma indenização de R$ 500 milhões, que deve ser integralmente revertida em políticas públicas para a população vulnerável. Também demandam o uso de câmeras corporais que permaneçam sempre ligadas pela força policial a participação popular em um ato de revisão do manual de uso de força da PM e o afastamento de todos os agentes envolvidos no caso de violência.
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