Faltam apenas doze meses para as eleições presidenciais. É natural que diante de uma crise tão profunda como a que enfrentamos se aqueçam as especulações e as análises sobre quem serão os candidatos, quais as chances de cada um, que ideias representam, quais serão as alianças políticas.
Três candidaturas, a meu ver, são irreversíveis: as de Bolsonaro, Lula e Ciro Gomes. Bolsonaro será candidato à reeleição, apesar de suas intenções de voto apontarem para seu piso de 20% e enfrentar uma rejeição altíssima para uma eleição em dois turnos. Alimenta com o discurso radicalizado sua bolha e vai trabalhar para tentar reverter a presente situação adversa. Da economia, não há sinais de que ocorrerá nenhum fato impactante. No campo social, o “Auxílio Brasil” enfrenta restrições fiscais graves e é eclipsado pelo desemprego e pela inflação. Perdeu espaço em seus principais temas de campanha em 2018. Moro levou consigo a bandeira do combate a corrupção. A agenda liberal modernizante de Paulo Guedes é hoje só um retrato na parede. Muitas pessoas que gostavam de Bolsonaro, o abandonaram afetados pela perda de parentes e amigos próximos na pandemia. Outros, se decepcionaram pela falta de dedicação ao trabalho governamental e pelo excesso de radicalismo. Não sei se haverá tempo para uma recuperação.
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Lula, à cavalheiro, administra seu patrimônio político e administrativo, “jogando parado”, aguardando a marcha dos acontecimentos, do alto de seu potencial para uns 30% a 35% no primeiro turno. Tem contra si os escândalos de corrupção e a desastrosa condução da política econômica nos governos petistas, que resultou na maior crise dos últimos tempos. Trabalha com sua aliança tradicional de esquerda reunindo PSB, PCdoB e talvez PSOL e com alianças regionais como elites regionais de partidos tradicionais.
Ciro Gomes, com seu estilo assertivo e experiência, contratou marqueteiro de peso e tenta reconstruir sua imagem para sua última candidatura presidencial. Mas, se encontra espremido entre a candidatura Lula e a possível candidatura do Centro Democrático. Tem baixo horizonte de crescimento à direita e à esquerda. Ficará provavelmente isolado com o seu PDT.
Resta ainda uma variável aberta na equação: a chamada candidatura do polo democrático. São muitos nomes cogitados, mas não há ainda rumo claro. Sérgio Moro é assediado pelo PODEMOS, mas tem uma agenda restrita e apesar de ter algum apoio na opinião pública, não unifica o centro do sistema político. O PSDB, decidirá dia 21 de novembro, em prévias democráticas e inovadoras, quem será seu candidato: Arthur Virgílio, Eduardo Leite ou João Dória. Partidos como o União Brasil, MDB, Cidadania e PSD cogitam nomes como os de Mandetta, Rodrigo Pacheco, Simone Tebet e Alessandro Vieira. As conversas continuarão até fevereiro, quando deverá emergir um possível nome de unidade. Se este campo se dividir terá poucas chances de chegar ao segundo turno.
Fatos novos sempre podem ocorrer. Em 2014, tivemos o trágico acidente aéreo que vitimou Eduardo Campos, então forte candidato. Em 2018, tivemos o absurdo atentado a Bolsonaro, que mudou o curso da história. Mas tudo indica que o futuro do Brasil será entregue ou a Lula, ou a Bolsonaro ou a um nome do chamado Centro Democrático, se a sua unidade for conquistada.
Com a palavra o eleitor brasileiro.
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