Das 29 mil candidaturas cadastradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmadas para as eleições de 2022, apenas 476 são declaradas como pessoas com deficiência, conforme os dados do tribunal. Descontando as candidaturas rejeitadas, esse número cai para 440 de um total de 27 mil: valor que representa apenas 1,6% dos candidatos no país onde estes correspondem a 6,5% da população, conforme consta no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esta é a primeira vez que o TSE divulga esse tipo de dado em uma eleição geral. A primeira vez foi na eleição para prefeito e vereador, em 2020. Embora informe a distribuição das candidaturas por partido e cargo, o TSE não divulga a relação nominal desses candidatos.
Do total de registros, o maior grupo é o de pessoas com deficiências físicas, com 264 nomes. Na sequência estão as pessoas com deficiência visual, com 115 candidatos. Outros 59 possuem ou estão com deficiência auditiva, 13 afirmam ter diagnóstico de espectro autista e 41 têm outro tipo de deficiência não especificada.
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Entre os partidos, a adesão é equilibrada entre os principais competidores: na coligação de Lula, o PSB assume a liderança, com 46 candidatos, seguido pelo PT com 32 e o Psol com 27, empatado com o Solidariedade. Na coligação de Bolsonaro, a maior concentração está no PL, com 31, seguido pelo PTB com 21, 20 para o PSC e outros 15 no Republicanos.
Nos partidos da chamada Terceira Via, o PDT de Ciro Gomes possui 21 candidatos com deficiência, e o União Brasil de Soraya Thronicke (MS) conta com 18. A coligação de Simone Tebet (MDB-MS), apesar de não variar nos números (22 no MDB, 24 no Podemos, 20 no PSDB), se destaca no cargo, lançando para a vice-presidência a senadora Mara Gabrili (PSDB-SP), primeira brasileira a ocupar assento no Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas. Mara é tetraplégica desde 1994, quando sofreu um grave acidente de carro.
Impacto da representação
Um dos candidatos que competem para representar as pessoas com deficiência é Silvestre Araújo, secretário da pessoa com deficiência do diretório do Solidariedade no Distrito Federal, e candidato a deputado distrital. Ele conta que embarcou na política por conta do impacto de sua própria deficiência motora, e que a falta de candidatos desse nicho não se dá por acaso. “A inclusão das pessoas com deficiência dentro da política é complicada, às vezes nossos direitos não são reconhecidos. A inclusão das pessoas com deficiência não é reconhecida”, afirma.
Segundo ele, há pouco esforço por parte das principais instituições em garantir o acesso das pessoas com deficiência aos seus próprios direitos. Exemplo disso é a realidade enfrentada no próprio Distrito Federal. “Pessoas com deficiência visual estão sem acesso às escolas em braile, e ainda contam com dificuldades nos centros metropolitanos, onde sinais sonoros estão desligados desde junho de 2018”, relata.
O desinteresse institucional na inclusão, Silvestre considera que acaba por refletir no próprio funcionamento dos partidos. “Os próprios candidatos com deficiência não conseguem sequer ter acesso às informações necessárias. Os recursos para candidatos sem deficiência são grandes, mas para pessoas com deficiência são mínimos. Quase ninguém aposta no potencial das pessoas com deficiência”, conclui.
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