O presidente Jair Bolsonaro filia-se ao PL um dia depois de pesquisa da Atlas Consultoria para o jornal Valor Econômico indicar que sua popularidade caiu abaixo dos 20%, ficou em 19%. Há uma impressão entre os analistas que 20% é o patamar mais baixo a que possa chegar um presidente com pretensões eleitorais.
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Quando era presidente, o patamar mais baixo de popularidade de Luiz Inácio Lula da Silva foi em 2005, auge do mensalão, depois da cassação do mandato de seu ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu. Ficou em 29%, segundo o Datafolha. Um ano depois, Lula estava recuperado a ponto de se reeleger e depois fazer sua sucessora, Dilma Rousseff.
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O pior momento de Fernando Henrique Cardoso foi 13%, segundo o Datafolha, em 1999. Em 2002, seu candidato à Presidência, José Serra, perdeu a eleição para Lula.
Dilma, que acabou sofrendo impeachment, amargou 8% somente de bom e ótimo no Datafolha em 2015. Fernando Collor, que também sofreu impeachment, bateu 9% de aprovação em 1992. A exceção fica sendo Itamar Franco, que chegou a somente 12% de bom e ótimo em 1993, no auge do escândalo dos Anões do Orçamento, mas se recuperou depois com o Plano Real e fez seu sucessor, Fernando Henrique.
Bolsonaro está acima desses percentuais. Pode vir a copiar o que houve com Itamar Franco, embora o horizonte econômico para 2022 não pareça ser lá dos melhores. As apostas de reversão concentram-se hoje principalmente na força de benefícios sociais como o Bolsa Família. Não é pouco nem deve ser desprezado. Ao contrário de todos os demais, com exceção de Lula e um pouco de Dilma, Bolsonaro tem uma forte militância a seu favor, impermeável a qualquer desgaste na imagem que faz de seu mito.
Mas a verdade é que esses possíveis resultados de sucesso de Bolsonaro nas urnas de 2022 não estão exatamente no topo dos cálculos políticos que fazem hoje o PL e mesmo o presidente nesse ato de filiação. No caso de Bolsonaro, o risco é inerente à disputa, que as pesquisas mostram no momento difícil para ele. Mas ela seria difícil em qualquer partido que viesse a escolher.
A única alternativa possível para Bolsonaro seria não disputar a reeleição, algo que não lhe passou pela cabeça e nem pareceria mesmo razoável. Disputando a reeleição, ele teria de escolher um partido. Ao contrário de 2018, uma eleição na qual ele teria chance por um partido nanico, como teve com o PSL, essa vai exigir uma legenda mais robusta e com maior capilaridade. O PL assim está de bom tamanho.
Mas, para o PL o cálculo que o partido faz da vantagem de ter a filiação do presidente não passa necessariamente pela vitória eleitoral na disputa pelo Planalto em 2022. Se ela vier, será imenso lucro a ser comemorado. Mas, se não vier, o que seria mais provável se a eleição fosse hoje, a coisa ficará de muito bom tamanho para o PL.
A opção feita pelo PL e pelo PP de agora apoiarem o presidente tem rendido dividendos lucrativos para os dois partidos, em termos de cargos e verbas. Apostar agora em outro projeto seria abrir mão disso. Na composição que faz Lula para 2022, os dois partidos não teriam espaço. Aproximar-se de uma terceira via, as pesquisas mostram que é um grande risco.
Hoje, as pesquisas mostram que se Bolsonaro não vence as eleições do ano que vem, ele estará em segundo lugar, possivelmente no segundo turno. Ou seja, Bolsonaro garante ao partido que estiver do seu lado boa possibilidade de resultados nas eleições proporcionais e nos pleitos regionais. Aliados ao presidente, PL e PP têm chances boas de saírem maiores do que são hoje.
E, aí, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já deu a senha: seu projeto de reeleição no comando dos deputados independe da vitória de Bolsonaro. E não depende mesmo, se as bancadas do PP e do PL, aliado a ele, saírem grandes e fortes. Depois, na sequência, o plano do PL é fazer o sucessor de Lira.
Mas, além disso, as duas bancadas, fortes, sabem que o próximo presidente, quem quer que seja, terá que conversar com elas. Ambos os partidos já estiveram nos governos petistas de Lula e Dilma. E não têm nenhum problema de voltar a fazer isso. O PL comete a proeza de ter sido a casa do vice de Lula, José Alencar, e agora o partido de Bolsonaro. O PP a proeza de ter sido o partido de Bolsonaro e ter integrado a base dos governos petistas.
Os governos anteriores experimentaram tanto o que significa ter o Centrão – que os dois partidos bem representam – como aliados quanto como inimigos. Dilma sabe bem o que significa ter o Centrão contra ela. O jogo é esse. Se ele resultado na vitória de Bolsonaro em 2022, tanto melhor. Se não resultar, fica bom também.
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