Se uma parcela do PT é contra o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin ser o candidato a vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva, isso importa muito pouco. Se fará abaixo-assinados, se protestará duramente nas reuniões internas. Alckmin será o candidato a vice de Lula se Lula assim o quiser. Sempre foi assim. E não será diferente exatamente no momento em que o PT, apeado do seu projeto de poder com o impeachment de Dilma Rousseff e a prisão de Lula, enxerga claramente as chances de retomá-lo.
As informações dão conta de que, de fato, a possibilidade da aliança está madura. E pode vir a ser anunciada no mês que vem. Há questões a serem acertadas, especialmente relacionadas às eleições estaduais. Se o PT abrirá mão da candidatura de Fernando Haddad em São Paulo para Márcio França é a principal delas. E é definidora inclusive sobre se Alckmin se filiará mesmo ao PSB. Mas já existem outras possibilidades de filiação para ele caso gore o acerto com o PSB: o Solidariedade e o PV.
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Enfim, tudo parece muito mais depender de Lula considerar que ter Alckmin ao seu lado na campanha e no eventual governo é a melhor alternativa para ele. Sempre foi assim. Como reconheceu o ex-presidente Ricardo Berzoini numa entrevista recente ao Congresso em Foco, “Lula extrapola o PT”. Para o bem e para o mal, do ponto de vista do partido.
Ao longo de toda a história política do PT, Lula sempre foi o centro e a referência. Não por acaso, ele foi o candidato à Presidência da República em todos os momentos desde a primeira eleição presidencial, com exceção daqueles em que estava impossibilitado pelas regras.
Sem entrar aqui em avaliações de mérito sobre as pessoas, os que tentaram fazer sombra política a Lula se deram mal. Luiza Erundina e Cristovam Buarque deixaram o partido. Eduardo Suplicy foi o tempo todo escanteado.
Quando Lula não podia disputar um terceiro mandato, foi ele quem escolheu Dilma Rousseff. Que os eleitores chamavam de “a mulher do Lula”. Diz-se que com o arranjo de que Dilma abriria mão da reeleição para a sua volta. Mas Dilma bancou a aposta e reelegeu-se. Caiu nas mãos de Eduardo Cunha, disposto a lhe criar todo tipo de dificuldade e inviabilizar seu governo na presidência da Câmara. Encontrou ali uma turma grande de outros parlamentares dispostos a segui-lo na criação dessas dificuldades. O governo de Dilma ficou inviabilizado e veio o impeachment. Lula foi preso e impedido de disputar em 2018. Fernando Haddad perdeu para Jair Bolsonaro e o ciclo do PT no poder, o maior da República brasileira, foi interrompido.
Lula tem agora a chance de retomar esse ciclo. Seja por nunca ter permitido sombras à sua liderança, seja pelo peso que conquistou junto à sociedade, o fato é que é somente Lula mesmo quem consegue retomar esse ciclo. Ele, como diz Berzoini, extrapola o PT. Sua vontade foi sempre a que prevaleceu internamente. E não vai deixar de ser assim agora.
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