O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, apresentou nesta quarta-feira (31) um pedido de auditoria das eleições ao Tribunal Supremo de Justiça em resposta às alegações de fraude levantadas tanto pela oposição quanto pela comunidade internacional. Ele também anunciou que divulgará as atas de apuração eleitoral levantadas por seu partido, mas não deixou de direcionar ataques e acusações de golpe de Estado contra seus rivais.
O segredo sobre o conteúdo das atas de apuração das mesas eleitorais é o principal motivo do ceticismo interno e externo sobre a declaração de vitória eleitoral de Maduro. Além de não haver publicação por parte da autoridade eleitoral venezuelana, o pleito contou com denúncias de impedimento do acesso de fiscais dos partidos de oposição aos boletins de urna, bem como alegações de diferenças bruscas entre o resultado anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral e a apuração paralela da coligação de seu principal adversário, Edmundo González.
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Em coletiva de imprensa convocada para acompanhar sua comitiva na sede do tribunal, Maduro deu um sinal duplo: de um lado, declarou que “o Partido Socialista Unido da Venezuela está pronto para apresentar 100% das atas eleitorais em nossas mãos” e que está “disposto a ser convocado, interrogado em toda parte, investigado pela Sala Eleitoral”. Por outro, reivindica sua posição de “candidato presidencial vencedor das eleições de domingo e chefe de Estado”.
Ele também cobrou da autoridade eleitoral venezuelana que “faça o mesmo com cada candidato de cada partido”, e acusou os manifestantes que protestam contra seu governo em Caracas de participar de um golpe patrocinado por agentes externos. “Registrem o que estou dizendo: muito em breve, eles [Judiciário] saberão, porque Deus está conosco e as provas já apareceram, deste complô. É um complô global contra a Venezuela”, reforçou.
Maduro ainda acusou nominalmente González e a líder da oposição, María Corina Machado, de tentar um golpe de Estado, citando-os como “uma dupla perversa e macabra que deve assumir sua responsabilidade” e como “reincidentes em grau ativo que sabem que serão derrotados”.
O pedido de auditoria foi encaminhado ao Tribunal Supremo de Justiça, órgão acusado por observadores locais e internacionais de atuar em conluio com o governo venezuelano em parceria com demais autoridades judiciais do país. O próprio procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, acompanhou a comitiva do presidente, e abriu ações contra González e Maria Machado logo que começaram os questionamentos sobre resultado eleitoral.
O presidente Lula defendeu, na terça-feira, que Maduro apresente as atas para descartar qualquer alegação de fraude. Representantes de sete países que não reconheceram o resultado de domingo foram expulsos pelo governo venezuelano. No poder desde 2013, quando sucedeu Hugo Chávez, Maduro terá mandato até 2031 caso sua reeleição seja confirmada.
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