A mobilização dos caminhoneiros que não aceitam o resultado da eleição presidencial avança para o terceiro dia sob o cerco do Supremo Tribunal Federal (STF), que faz pressão sobre a Polícia Rodoviária Federal para desfazer os bloqueios nas estradas de 25 estados e do Distrito Federal. No começo da manhã desta terça-feira (1), a PRF informou que 192 manifestações haviam sido desfeitas.
Durante a madrugada o Supremo formou maioria para referendar a determinação do ministro Alexandre de Moraes para que a PRF e policiais militares desobstruam todas as rodovias bloqueadas. A presidente do STF, Rosa Weber, abriu sessão virtual extraordinária à meia-noite. O voto de Moraes, que é o relator do caso, foi acompanhado pelos ministros Luis Roberto Barroso, Edson Fachin, Gilmar Mendes e Dias Toffoli e pelas ministras Cármen Lúcia e Rosa Weber. A ação foi movida pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).
Os ministros Ricardo Lewandowski, Luiz Fux, Nunes Marques e André Mendonça têm até as 23h59 desta terça para votar no plenário virtual. Em seu voto, Moraes determinou que, em caso de descumprimento de sua decisão, o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, poderá ser afastado das funções e preso em flagrante. Além disso, poderá ser multado pessoalmente em R$ 100 mil por hora. A decisão tem caráter imediato. Para o relator, é “inegável” que “a PRF não vem realizando sua tarefa constitucional e legal”.
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Os bloqueios dos caminhoneiros bolsonaristas começaram ainda no domingo à noite após a proclamação da vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Não há nenhuma reivindicação da categoria em pauta. Os manifestantes pedem golpe militar.
Diversos vídeos veiculados nas redes sociais mostram conivência de policiais rodoviários com os manifestantes. Em um deles, o policial pede orientação dos manifestantes.
O coordenador-geral de comunicação da PRF, Cristiano Vasconcellos, afirma que nunca houve determinação por parte do comando da instituição para facilitar a ação dos manifestantes.
“Em momento algum nós tivemos determinação para não desmobilização das manifestações. Desde o começo, nós estamos trabalhando incansavelmente para desobstruir todos os pontos com bloqueio nas rodovias federais. E a ordem do nosso diretor-geral é para nós desobstruirmos todos os pontos o mais rápido possível, imediatamente”, afirmou Cristiano.
“Mobilizamos mais ainda nosso efetivo para que a gente consiga fazer a desmobilização de todos os pontos. Acreditamos e estamos trabalhando para que amanhã [terça-feira] não tenha mais nenhum local com mobilização”, acrescentou.
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) e a Frente Parlamentar dos Caminhoneiros no Congresso repudiaram a ação dos golpistas. Os protestos na vizinhança do Aeroporto de Guarulhos já resultaram no cancelamento de 25 voos previstos para essa segunda à noite e a manhã desta terça.
No domingo a PRF foi incisiva na abordagem de veículos que transportavam eleitores, sobretudo na região Nordeste. Alguns deles deixaram de votar. O caso também foi discutido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que cobrou explicações do chefe da PRF, mas concluiu que os atos não prejudicaram a votação. O episódio foi visto pela campanha do ex-presidente Lula como uma tentativa de impedir que os eleitores do petista votassem.
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