O julgamento dos ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados de executarem a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, começou na manhã nesta quarta-feira (30). A dupla responde por duplo homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e receptação do carro clonado para o crime. Ronnie foi o responsável por efetuar os disparos contra as vítimas, enquanto Élcio conduzia o veículo. Os dois confessaram a participação no crime.
Após mais de seis anos da execução, os réus enfrentarão um júri popular composto por 7 integrantes, todos homens. O julgamento conta com o depoimento de nove testemunhas no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro. Entre elas estão a viúva de Anderson Gomes, Ágatha Arnaus, a assessora de Marielle Fernanda Chaves, a ex-companheira da vereadora, Monica Benicio, e a mãe da parlamentar, Marinete da Silva.
Presença da família
O primeiro dia de julgamento contou com a presença da família de Marielle. Além na mãe da parlamentar, também estavam presentes o pai, Antonio Francisco da Silva, a filha Luyara Santos e a irmã Anielle Franco, hoje ministra da Igualdade Racial.
Marinete da Silva foi a segunda testemunha de acusação a prestar depoimento. Emocionada, ela pediu justiça pela filha e por Anderson.
“Eu não estou aqui para falar da Marielle enquanto parlamentar. Estou aqui como uma mãe que sofreu e sofre. Aquilo foi uma barbárie. Coisa que não se admite contra o filho de ninguém”, declarou.
Ao lado dos familiares, a ministra Anielle Franco falou com a imprensa sobre seus sentimentos em relação ao julgamento.
Publicidade“Quando cheguei no carro, lembrei da minha mãe, e falei para ela que parecia que a gente estava chegando de novo no velório. São quase sete anos de muita dor, de um vazio, de uma mulher que lutava exatamente contra isso”, desabafou.
Protestos
A família foi recebida na entrada do 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro com apoio de dezenas de manifestantes segurando cartazes de girassóis. O protesto foi organizado pelo Instituto Marielle Franco com a participação de mães que perderam seus filhos vítimas de violência do estado.
Também estiveram presentes movimentos sociais de favelas do Rio de Janeiro, incluindo o conjunto da Maré, onde Marielle nasceu. O grupo pedia a punição dos acusados. Em nota, o Instituto reforçou a busca por justiça.
Após 6 anos de uma busca incansável por justiça, o momento que tanto esperamos está próximo. “Foram 78 meses e mais de 2 mil dias em que nos juntamos desde que nos tiraram Marielle e Anderson. Marchamos, gritamos, nos emocionamos, amarramos lenços e levantamos placas em busca por justiça. A nossa força nos trouxe até aqui e nesse mês a justiça, enfim, vai começar a ser feita”, declarou a entidade criada após a morte da vereadora.
Julgamento
A audiência de hoje deve durar até a madrugada. A expectativa é que Ronnie e Élcio sejam ouvidos amanhã (30) por videoconferência. Os dois estão detidos fora do estado do Rio de Janeiro.
Caso o júri decida pela condenação dos réus, a juíza Lúcia Glioche definirá o tamanho da pena, que pode chegar a até 84 anos. O julgamento pode ser assistido ao vivo pelos canais do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e do Instituto Marielle Franco no YouTube.
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