Dois deputados distritais ocuparam a tribuna da Câmara Legislativa nessa terça-feira (5) para denunciar arbitrariedade em ação policial contra o jornalista Sylvio Costa, fundador do Congresso em Foco, na última sexta-feira (1). O presidente da Comissão de Direitos Humanos da CLDF, Fábio Félix (Psol), disse estranhar a abordagem feita por policiais militares ao interromper uma festa particular de aniversário de Sylvio no Noroeste pouco depois de participantes gritarem “Fora, Bolsonaro”.
Os PMs não buscaram a mediação e exigiram do anfitrião que assinasse um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) sob pena de ser conduzido coercitivamente para uma delegacia. Félix contou que, em três anos à frente do colegiado, nunca recebeu relato desse tipo de comportamento policial em denúncias de perturbação da ordem.
“Por que não recebi? Quando a polícia militar vai fazer abordagem de perturbação da ordem, ela chega e orienta o desligamento do som ou que abaixem o som, orientam para resolver o problema. É uma atuação da polícia reparadora, mediadora. Nesse caso, os policiais tiveram atuação para ampliar a crise. Não ouviram as pessoas que estavam ali. Não quiseram ouvir o proprietário do apartamento que era cedo, a festa estava acabando”, criticou o parlamentar, que encaminhou um ofício à corporação cobrando esclarecimentos sobre o episódio.
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Sylvio foi ameaçado de ser conduzido à delegacia e teve de assinar um termo circunstanciado de ocorrência após ser acusado de perturbar a ordem pública, ao comemorar o seu aniversário em um evento privado. Segundo a PMDF, a ação se deveu única e exclusivamente ao incômodo de alguns vizinhos com o barulho causado pela festa. Os policiais chegaram ao local, porém, pouco depois de convidados e o próprio anfitrião gritarem “Fora, Bolsonaro”.
Ainda em seu pronunciamento, Fábio Félix afirmou que suspeita que a ação policial tenha sido “encomendada” com o objetivo de calar uma manifestação política contra o presidente da República. “Foi o discurso ‘Fora, Bolsonaro’ que motivou essa autuação? Queremos esclarecimentos”, indagou.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos disse que vai solicitar a cópia de todas as reclamações na íntegra, com o áudio das ligações feitas para a PMDF. “Quero saber quem deu o comando para que a equipe fosse àquele prédio. Qual foi o comando para a abordagem policial, que não foi comando da mediação, do dialogo, da resolução do conflito, que é pratica, inclusive, nesses casos da polícia militar”, ressaltou.
O deputado distrital Chico Vigilante (PT) também condenou a ação da PMDF no episódio. “Tive a oportunidade de ligar para o Sylvio e demonstrar minha solidariedade. Isso não pode acontecer na capital da República. Isso daqui não é a Hungria que tem um primeiro ministro de extrema direita que cala a boca dos jornalistas, prende e mata”, afirmou Vigilante, em alusão ao líder húngaro Viktor Orbán.
Vigilante também repudiou o deboche feito pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) com a tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão na ditadura militar. O filho do presidente disse ter “pena” da cobra colocada em cela escura com Miriam. A jornalista, na época, estava grávida e foi colocada nua no espaço. Ele considerou o ataque “nojento, abjeto e repugnante”. “É essa família, com pessoas com essas práticas, que estão comandando o país. Isto aqui não é uma republiqueta de bananas. O Brasil já foi a 6ª maior economia do mundo e não merece chegar a esse ponto”, protestou.
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