O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal tome depoimento do senador Marcos do Val (Podemos-ES) no prazo de cinco dias no inquérito dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. O pedido para ouvir o senador foi feito pela própria PF.
Em entrevista à revista Veja, Do Val disse que foi coagido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e pelo ex-deputado Daniel Silveira a participar de uma trama golpista. Em coletiva nesta quinta, ele tentou minimizar o envolvimento de Bolsonaro no episódio e voltou atrás em sua decisão de renunciar ao mandato e se afastar da política, conforme declaração feita na madrugada. O senador desmentiu a si mesmo ao declarar que não acusou Bolsonaro de coagi-lo.
A proposta de Silveira, segundo o senador, era gravar conversa com Moraes e instigá-lo a admitir que estava extrapolando os limites constitucionais e, com isso, pedir prisão do presidente do Tribunal Superior Eleitoral e a anulação da vitória do presidente Lula.
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Para Moraes, o episódio precisa ser esclarecido pelo capixaba. “Conforme amplamente noticiado, o senador Marcos do Val divulgou em suas redes sociais ter recebido proposta com objetivo de ruptura do Estado Democrático de Direito, circunstância que deve ser esclarecida no contexto mais amplo desta investigação, notadamente no que diz respeito a eventual intenção golpista, o que pode caracterizar os crimes previstos nos arts. 359-M (golpe de Estado) e 359-L (abolição violenta do Estado Democrático de Direito) do Código Penal”, declarou.
Do Val afirmou que relatou a oferta ao próprio Alexandre de Moraes, a quem conhece desde que o ministro era secretário de Segurança Pública de São Paulo. O ministro reagiu, conforme o senador, balançando a cabeça, em sinal de incredulidade. O depoimento do parlamentar será incluído em um dos inquéritos a que respondem o governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres.
Em sessão no Senado nesta quinta, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) admitiu que o encontro relatado por Do Val com Bolsonaro e Silveira ocorreu. Mas contestou a investigação do caso por entender que não houve crime. “O fato é que em 31 de dezembro Bolsonaro deixou a Presidência”, declarou.
Flávio contou que o colega do Podemos lhe havia adiantado que traria o assunto a público. “Ele já havia me relatado o que tinha acontecido. Disse que iria ser trazido a público com uma linha de que essa reunião, que aconteceu, seria uma tentativa de um parlamentar de demover as pessoas que estavam na reunião de fazer algo absolutamente inaceitável, absurdo e ilegal”, declarou o filho mais velho do ex-presidente da República.
Na coletiva da manhã, Do Val tirou o foco de Bolsonaro e o voltou para o ex-deputado petebista. Segundo ele, quem lhe pediu para gravar Moraes foi Daniel Silveira, que foi preso nesta quinta-feira pela Polícia Federal após descumprir uma série de medidas de restrição impostas pela Justiça. Bolsonaro, no entanto, ouviu a conversa e nada comentou ou fez, de acordo com o senador.
“[Bolsonaro] só ouviu junto comigo, aí eu fiz os questionamentos. A questão da legalidade, e porque. Aí, na hora de ir embora, a única coisa que o presidente falou foi o seguinte: Vamos pensar”, disse Do Val à Folha de S.Paulo. Ele contou que foi procurado por Silveira no plenário do Senado, que lhe relatou que o então presidente queria encontrá-lo. A reunião, de acordo com o parlamentar, deu-se entre a eleição e a diplomação de Lula, em 12 de dezembro.
Veja algumas das mensagens atribuídas por Do Val a Daniel Silveira, segundo Veja:
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