O tenente-coronel Mauro Cid afirmou em sua delação premiada que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu que ele vendesse um relógio Rolex, assim como outras joias dadas pela Arábia Saudita ao Brasil. As informações são da GloboNews, que teve acesso a trechos da delação que Cid fez à Polícia Federal.
Segundo a emissora, Cid disse que recebeu uma “determinação” para avaliar o valor do relógio. Bolsonaro autorizou que o ajudante de ordens vendesse o item junto com outras joias que acompanhavam um dos kits da Arábia Saudita, o de ouro branco.
Ainda segundo Cid, o motivo para venda seria porque, em janeiro de 2022, Bolsonaro reclamou de pagar a multa de um processo judicial que perdeu, além de multas por causa de motociatas e outras contas. O processo seria o movido pela deputada Maria do Rosário (PT-RS) por falas de Bolsonaro sobre não estuprá-la porque ela “não merecia”.
Na ocasião, o então presidente perguntou a Cid quais presentes teriam um valor alto, segundo a delação. O ex-ajudante de ordens indicou que os itens mais fáceis de avaliar eram os relógios.
Ao G1, o ex-secretário de Comunicação e advogado Fabio Wajngarten disse que a defesa de Bolsonaro não iria falar sobre o caso.
Em seu perfil no X (ex-Twitter), Wajngarten afirmou que o atual procurador do caso já enterrou a delação. O material da delação premiada está sob análise da equipe do subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, que já afirmou que Cid não deu provas de suas declarações.
Para Wajngarten, as divulgações de trechos da delação seriam uma resposta às falas do subprocurador.
“Deveria ser grande para de fato tentar impactar, mas novamente é risível e digna de roteiro de humor. O show tem de continuar”, disse o ex-secretário.
A Polícia Federal investiga a suspeita de que Bolsonaro utilizou a estrutura do governo federal para desviar presentes de alto valor oferecidos a ele por autoridades estrangeiras.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes homologou em setembro o acordo de colaboração premiada de Cid.
Mauro Cid foi um dos principais alvos de polêmicas envolvendo Bolsonaro. Como ajudante de ordens, ajudou o ex-presidente na produção de suas transmissões semanais nas redes sociais, período em que passou a ser investigado tanto por abastecer o chefe de Estado com fake news sobre as vacinas da covid-19 quanto por vazar informações sigilosas de um inquérito da Polícia Federal.
Nesta sexta-feira (10), o UOL, também publicou informações sobre a delação de Cid. Segundo o documento, o ex-ajudante de ordens disse que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho de Jair Bolsonaro, faziam parte de um grupo de conselheiros radicais que incitava o então presidente a dar um golpe de Estado e a não aceitar a derrota para Lula (PT).
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