O pronunciamento do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em um evento do movimento Proarmas associando professores “doutrinadores” a traficantes de drogas foi duramente repudiado pelos quadros de liderança da Frente Parlamentar Mista da Educação. Deputadas na coordenação da bancada consideram sua fala um sintoma da falta de valorização da educação no Brasil.
Além de associar a atividade de professores ao crime organizado, Eduardo Bolsonaro ordenou aos participantes do evento que “prestem atenção na educação dos filhos, tirem um tempo para ver o que eles estão aprendendo nas escolas”, pois assim “não vai ter espaço para professor doutrinador tentar sequestrar as nossas crianças”.
Tabata Amaral (PSB-SP), coordenadora da frente parlamentar, avaliou o discurso como “nojento” e sinal de “ignorância e mau caratismo” de Eduardo Bolsonaro. “São falas como essa que contribuem para que o Brasil seja um dos países que menos valoriza seus professores”, alertou em suas redes sociais.
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Duda Salabert (PDT-MG), coordenadora da comissão de combate à violência nas escolas na frente, também se posicionou. “Se não bastasse o péssimo salário, o adoecimento psicológico , salas lotadas, a sobrecarga de trabalho, nós professores temos que ouvir essa estupidez dita por um parlamentar”. Antes de iniciar a carreira política, Duda foi professora de literatura, e chegou a perder um emprego por assédio de pais à instituição onde trabalhava.
Além das deputadas da frente parlamentar, o Sindicato Nacional dos Professores do Distrito Federal também se manifestou. “Não é novidade para ninguém que Eduardo e sua família desprezam a escola, a educação e seus profissionais. O desprezo fica evidente em discursos truculentos e posicionamentos políticos, mas também, na notável falta de educação”, apontaram.
O sindicato chama atenção para o intuito de Eduardo Bolsonaro ao tornar professores potenciais “doutrinadores”. “A família Bolsonaro e seus comparsas buscam censurar qualquer forma de pensamento crítico e limitar o acesso a determinados conteúdos que julguem inconvenientes. As crianças não são entendidas como sujeitos de direitos, como cidadãs, mas como propriedades de seus pais, sem liberdade para acessar conhecimentos em sua plenitude”.
A acusação de “doutrinação”, de acordo com o sindicato, é uma ferramenta de parlamentares de extrema-direita para “criar fantasmas que amedrontam uma parcela da sociedade, abrindo espaço para que ela seja dominada exatamente por eles, que se vendem como os defensores daqueles que seriam ameaçados pela doutrinação, pela ideologia de gênero, pelo comunismo”.
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