O deputado estadual por Goiás, Amauri Ribeiro (União), girou em 180 graus suas declarações proferidas em discurso na Assembleia Legislativa do estado na quarta-feira (7), quando disse que também deveria ser preso por ter bancado manifestantes bolsonaristas em frente à quartéis no ano passado. Na sexta-feira (9), o deputado enviou um pedido ao Supremo Tribunal Federal para que a corte não aceite prendê-lo.
O deputado protocolou o pedido via advogados de defesa ao ministro Alexandre de Moraes com uma carta dividida em seis tópicos que buscam isentá-los das declarações feitas. O terceiro item da carta frisa que parlamentares têm direito à imunidade e que não poderia ser detido por emitir opiniões. Outro dos argumentos dos advogados do deputado está centrado em uma suposta descontextualização do que disse na terça.
“Inicialmente, é preciso ressaltar que a fala do parlamentar foi completamente tirada de contexto. Conforme Termo de Declaração anexo, o deputado disse não considerar ‘bandidos os que estavam acampados na porta do quartel em Goiânia; por questões humanitárias levei água e alimentos para os mais carentes que lá estavam; considero vândalos, bandidos e delinquentes os que participaram das depredações ocorridas em 8 de janeiro deste ano’.”
Em outro trecho da carta, os advogados se dedicam a explorar melhor o contexto da situação que comprometeu o deputado.
“…em sessão plenária, debati com os deputados do Partido dos Trabalhadores (PT) e disse que não considerava bandidos os que estavam acampados na porta do quartel em Goiânia; por questões humanitárias levei água e alimentos para os mais carentes que lá estavam; considero vândalos, bandidos e delinquentes os que participaram das depredações ocorridas em 8 de janeiro desse ano”, justifica o documento.
Relembre
Eis o que disse o deputado ao responder a um questionamento do deputado estadual Mauro Rubem (PT) sobre quem teria financiado os atos golpistas.
“Eu também deveria estar preso. Eu ajudei a bancar quem estava lá. Pode me prender, eu sou um bandido, eu sou um terrorista, eu sou um canalha, na visão de vocês. Eu ajudei, levei comida, levei água e dei dinheiro. Eu acompanhei lá e também fiquei na porta porque sou patriota”, disse o deputado bolsonarista.
Ribeiro ainda complementou:
“Respondendo sua pergunta, o dinheiro não veio de fora. Veio de gente que acredita nesta nação e que defende este país mas não concorda com o governo corrupto e bandido”, declarou.
Deputado “inusitado”
Desde janeiro do ano passado, o deputado goiano é réu pelo crime de racismo na modalidade homofobia depois que publicou uma foto de uma mão branca apertando um punho negro com braço vestido com as cores do arco-íris, símbolo do movimento LGBTQIA+, com a frase “na minha família não”.
O deputado já se envolveu em várias polêmicas. Em 2015, quando era prefeito do município de Piracanjuba (GO), ele agrediu a filha de 16 anos. O caso ganhou repercussão após a divulgação de fotos da menina com lesões nas costas e na boca em redes sociais.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, o então prefeito confirmou a agressão e disse que agiu assim como forma de dar um “corretivo” na filha por ela ter tirado uma foto íntima. “As fotos são verdadeiras. Minha filha tomou um corretivo e eu não me arrependo de ter dado esse corretivo. Qualquer pai que tenha amor pela moral e zelo pela sua família teria se desesperado ao ver o que eu vi”, diz Ribeiro em um trecho do vídeo.
Em 2019, ele causou polêmica ao manter sua esposa no colo durante a cerimônia de posse na assembleia. No ano anterior, durante entrevista a um programa, ele admitiu ter mantido relações sexuais com uma cabra.
Típico apoiador do inelegível