O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu a possibilidade de uma intervenção militar na Venezuela para destituir o presidente Nicolás Maduro. Ele disse considerar o Brasil um parceiro estratégico para o restabelecimento da democracia no país sul-americano e que nenhuma hipótese está descartada.
“Eu sei exatamente o que quero que aconteça na Venezuela. Nós temos opções diferentes sobre a Venezuela, vamos conversar sobre elas. Todas as opções estão sobre a mesa. É uma vergonha o que está acontecendo na Venezuela, toda a crise e fome, vamos falar sobre isso em profundidade”, disse Trump ao lado do presidente Jair Bolsonaro, no Salão Oval da Casa Branca.
Os dois presidentes tiveram um encontro reservado por cerca de 20 minutos. Em seguida, falaram à imprensa. A situação política e econômica da Venezuela voltou a ser assunto na coletiva.
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“Pedimos aos militares da Venezuela que parem de apoiar Maduro, que não é mais do que uma marionete de Cuba. O ocaso do socialismo chegou no nosso hemisfério ocidental e no nosso país também”, reiterou Trump.
Bolsonaro destacou o esforço do Brasil para destituir Maduro e a atuação do país no envio de alimentos e outros produtos de primeira necessidade aos venezuelanos por meio da fronteira com Roraima. Ele preferiu não detalhar em que pé estão as negociações com Trump, tampouco descartar um possível apoio a uma intervenção militar no país vizinho.
“Tem certas questões que se você divulgar deixam de ser estratégicas. Assim sendo, essas questões que se foram discutidas, se já não foram, não podem ser discutidas”, disse o presidente ao ser questionado se uma intervenção militar havia sido discutida entre os dois. “Se por ventura, vieram à mesa, certas medidas não podem ser tornadas públicas”, acrescentou o brasileiro. A cúpula das Forças Armadas no Brasil, inclusive o vice-presidente, general Hamilton Mourão, é contra uma intervenção militar na Venezuela.
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Ainda na coletiva, Trump e Bolsonaro trocaram elogios e disseram ter muito em comum. “Sempre fui um admirador dos Estados Unidos e essa admiração aumentou com a chegada de Vossa Excelência à presidência dos Estados Unidos. Hoje destravamos assuntos que estavam na pauta havia décadas e abrimos novas frentes de cooperação. Hoje o Brasil tem um presidente que não é antiamericano, caso inédito nas últimas décadas”, discursou Bolsonaro.
Em um gesto de afinidade ideológica entre os dois presidentes, Bolsonaro disse que os dois concordam com o combate à “ideologia de gênero”, às notícias falsas e ao “politicamente correto. “Estados Unidos e Brasil estão irmanados na fé em Deus, contra a ideologia de gênero, o politicamente correto e as fake news. Queremos uma América grande e um Brasil grande também. Selamos uma aliança promissora entre as duas maiores democracias das Américas.”
Trump afirmou que o Brasil e os Estados Unidos estão comprometidos em reduzir barreiras comerciais e que o governo norte-americano pretende indicar o Brasil como aliado extra da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ou até mesmo da própria Otan.
“Discutimos a possibilidade de o Brasil entrar como um grande aliado extra Otan. Há pouco permitimos que alimentos fossem alocados em Boa Vista, capital de Roraima, por parte dos americanos para que a ajuda humanitária se fizesse presente na Venezuela. No momento estamos nesse ponto”, disse Bolsonaro.
Antes do encontro reservado, o presidente dos Estados Unidos afirmou também que apoia a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mas não especificou em quais circunstâncias. “Eu estou apoiando os esforços deles [brasileiros] para entrar [na OCDE]”, disse o presidente norte-americano sem entrar em detalhes.
De acordo com a agência Reuters, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que os Estados Unidos impõem uma condição para apoiar o ingresso do Brasil na OCDE: que o país deixe a lista de países em desenvolvimento que recebem tratamento especial da Organização Mundial do Comércio (OMC). O governo norte-americano quer acabar com essa lista.
Bolsonaro está em sua primeira viagem oficial aos Estados Unidos desde domingo e deve voltar ao Brasil nesta quarta-feira (20). O encontro com Trump era o principal compromisso do presidente brasileiro em Washington. Ele visitará ainda hoje o cemitério nacional de Arlington, onde estão enterrados cerca de 400 mil soldados mortos em guerra.
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