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A ideia em um segundo
Lula e Bolsonaro se mostram bem postados para as eleições de 2022. A possibilidade de uma terceira via, projeto costurado de cima, depende sobretudo do enfraquecimento de Bolsonaro na disputa, tanto pelo fato de ser o candidato hoje menos estável no pleito quanto pela oferta de candidatos alternativos vir muito mais da direita e centro-direita. O pleito, contudo, ainda está distante, e o horizonte é só silhuetas em movimentos.
A política se move pela conquista e manutenção do poder, como ensinou Maquiavel há 500 anos. Bem governar consiste em apenas um meio ─ às vezes necessário, por outras supérfluo ─ no caminho da ambição política. Então não nos enganemos, as cabeças de Brasília só pensam “nisso”: 2022.
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A silhueta da eleição já se delineia no horizonte, contudo poucos dias podem trazer mudanças significativas. Mapear o futuro ainda se faz sob grande dose de incerteza. Então navegar e tatear o futuro é preciso, num país em que o governo federal entende que viver não é preciso.
Três contendores?
A grande questão inicial resume-se a saber se haverá três ou dois contendores competitivos. Quatro ou mais significa apenas dois de fato, pois a fragmentação favorece a polarização entre os dois mais bem postados. Parte da população já se assenta confortavelmente na dicotomia Lula versus Bolsonaro, enquanto outros desejam a “terceira via”.
A “necessidade” da terceira via onde se assenta? Faz sentido pensar que o grande eleitorado, composto por pessoas de baixa escolaridade e rendimentos até R$ 3.000,00 mensais, tem especulado e ansiado por essa possibilidade? Provavelmente não. Para o eleitor que vive a vida cada dia e lá em outubro do próximo ano deve ir às urnas, sua escolha é simples, decide diante do que vê, não despende esforços ou tempo para reconstruir o cenário político. Os portões se abrem e a escolha é entre Corinthians e Palmeiras, Flamengo e Vasco.
A “terceira via” é a novidade a ser criada por movimentos estratégicos que visam a uma alternativa.
A estabilidade de Lula
O ex-presidente surpreendeu duas vezes: ao voltar ao cenário eleitoral já no início de 2021, e o fazer com índices de apoio e intenção de voto bastante altos.Novas condenações parecem improváveis, sendo a elegibilidade favas contadas. Lula se movimenta no campo das promessas e críticas. Como desafiante do presidente em exercício, seu discurso é que conta: o que teria feito, o que irá fazer. O nome disso é conforto, tanto mais para um político experiente.
Lula conta com o apoio histórico do PCdoB, e num possível segundo turno agregaria o PSOL e demais forças à esquerda. Até aí nada de novo.
Contudo, embora os pragmáticos da política não se envergonhem de piscadelas a todos os presentes no baile, o Centrão flerta com Lula. A dança final, no entanto, cabe ao bom partido com melhores prognósticos.
Lula, acusado de comunista ou esquerdista, tem passado que refuta estes qualificativos. O ex-presidente já se mostrou porto seguro para os pragmáticos do Centrão, numa lida rotineira de barganhas, cargos e apoios que define Brasília desde a democratização. Em suma, Lula é bom partido, e já se mostrou confiável.
Por fim, o antipetismo sofreu desgaste e não deve mobilizar como no passado. Bandeira exposta ao vento por quatro anos terá perdido o brilho e a importância que já teve.
Lula é o mais estável candidato para as eleições de 2022.
Bolsonaro
O Mito de 2018 foi atípico nas eleições brasileiras. De fato, fenômeno. Venceu sem recursos, sem apoios formais no sistema político, sem tempo de tevê. Tivemos uma eleição da ressaca do mundo, e a imagem mais radical e estilizada da mudança venceu.2022 será diferente. Bolsonaro agora é governo, poderá manobrar a caixa de ferramentas do governo federal e o está fazendo. Não por outra razão, o Painel do Poder, pesquisa da Unidade de Inteligência do Congresso em Foco junto às principais lideranças do Congresso, aponta Bolsonaro como o principal favorito em 2022. Os respondentes, deputados e senadores, entendem como a “máquina funciona”, e sabem que muito pode ser feito sob uma pilotagem profissional do rol de benesses do governo federal.
Contudo, o presidente em exercício enfrenta desafios de monta. A pandemia nunca enfrentada pelo Presidente deve lhe cobrar alta conta de popularidade e apoio. O sofrimento humano não se esquece. Por outro lado, a economia, a mais básica engrenagem de uma reeleição, segue emperrada. É a pandemia, mas são também os desacertos em série, as promessas não cumpridas, e tudo implica em menos crescimento, menos renda, menos emprego e mais insatisfação. Um tudo que costuma desaguar em “mudança”.
Bolsonaro também já demonstrou que seu casamento com o Centrão é de conveniência, e não há fidelidade na relação. Seria preciso muito mais habilidade política do que Bolsonaro possui para se garantir que a relação com o exército pragmático da política estivesse sob controle. Não está, e 2022 será um campo aberto de escolhas.
E a terceira via?
A chance de uma terceira via depende do espaço a ser conquistado entre Lula e Bolsonaro. Espaço, leia-se votos. Hoje pode-se projetar tanto Lula quanto Bolsonaro com pouco mais de 30% de votos cada um. Entre essas duas paredes erguidas, numa eleição fragmentada, não se constrói um terceiro da mesma altura. A entrada de alguém forte no páreo depende da queda de outro.Como dissemos, Lula parece bem postado no páreo, tendo em números de hoje algo próximo a 30% de intenções de voto para o primeiro turno. Já Bolsonaro, embora tenha seu famoso e estável apoio de 30%, mostra-se como mais sujeito a solavancos e mudanças em vista do exercício do governo. Daí decorre uma primeira conclusão: o espaço para Ciro Gomes, político que tenta vir da esquerda para o centro, encontra-se mais apertado. Ciro, embora o terceiro em citações de favoritismo no Painel do Poder já referido, e senhor de um famoso “recall”, tem a situação mais desconfortável para promover sua viabilidade.
Os outros nomes da “terceira via”, Moro, Mandetta, Huck, Trajano, Jereissati, Doria e Leite viriam da direita para o centro, e sua possibilidade depende do enfraquecimento de Bolsonaro.
Há então dois desafios. O primeiro é que Bolsonaro caia em apoios e intenções de voto para algo inferior a 20%. A olhar para seus fiéis 30%, isso parece difícil. Contudo, o momento da campanha dista muito, e o governo vai mal.
Parêntese fundamental: a CPI da Covid. As condições da política e da realidade do país armam-se para criar uma comissão de inquérito altamente virulenta para o governo. A criação da CPI, sua formação com maioria de opositores a Bolsonaro e sobretudo a escolha de Renan Calheiros para a relatoria são caminho quase perfeito para desgaste de alta monta do Executivo. Tanto mais ao se considerar o passado negligente do governo federal com a pandemia e as estratégias agora estabanadas como o documento dos “23 crimes” (lista de potenciais erros do governo feito pela Casa Civil e enviada aos ministérios).O segundo desafio é que a terceira via consiga rapidamente identificar seu candidato e centrar forças nele. Ciro Gomes parece o mais excêntrico ao grupo, no sentido geométrico do termo. Não nos parece que retiraria candidatura para apoiar quem quer que fosse. Quanto aos demais, tal movimento de concessão tem mais probabilidade, e só funcionaria junto de forte coordenação dos meios empresariais e de imprensa ─ como se diz, uma ação orquestrada do andar de cima da sociedade brasileira.
Uma hipótese picante, contudo, surgiu nos últimos dias. Se Bolsonaro mostrar-se forte o suficiente para abafar a terceira via, mas fraco o bastante para ser derrotado por Lula num segundo turno, a hipótese do impeachment ganha força como estratégia eleitoral. Tirar Bolsonaro do páreo antes da campanha viabilizaria uma alternativa de centro-direita.
Contudo, tudo isso fica mais interessante pois os dois maiores articuladores de fato de tal movimento seriam os adversários intestinos Lira e Calheiros, um tendo de aprovar as formalidades do impeachment e outro o municiando com fatos e dados. Vale lembrar que hoje Lira apoia Bolsonaro e Renan, Lula. Assim, a dança entre ambos seria muito complexa. Alagoas, nessa hipótese, seria novamente o centro da política brasileira, relembrando o passado de Marechal Deodoro e Floriano Peixoto.
A cada dia as silhuetas tornar-se-ão mais claras. Veremos.
Termômetro
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Geladeira
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afundou-se ainda mais nesta semana com declarações consideradas desastrosas. Sem saber que o evento do qual participava estava sendo transmitido pelas redes, atirou no maior parceiro econômico do Brasil ao dizer que os chineses “inventaram” o vírus da covid-19 e não sabem produzir vacina com a eficácia dos americanos. Teve de pedir desculpas à China. Também reclamou que os cofres públicos não aguentam mais o “avanço da medicina” e o “direito à vida” com o desejo das pessoas de viver mais de 100 anos. Ainda reclamou que até “filho de porteiro” está entrando na faculdade. O ministro também se viu obrigado a promover uma dança das cadeiras no ministério, afastando Waldery Rodrigues da Secretaria Especial da Fazenda, em meio a exigências do Centrão, que se incomodou com a postura do secretário na crise do orçamento.
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Chapa quente
Dois anos após sofrer sua derrota mais fragorosa, Renan Calheiros (MDB-AL) está de volta aos holofotes. Recluso desde que perdeu a disputa pela presidência do Senado para Davi Alcolumbre, Renan virou um homem-bomba para governo, que fracassou em todas as tentativas de impedi-lo de assumir a relatoria da CPI da Covid. Alinhado à oposição e crítico de Bolsonaro, que apoiou Alcolumbre em 2019, o senador promete não dar refresco para o Planalto. As manobras patrocinadas pelo governo contra ele, inclusive com intimidação contra o governador de Alagoas, Renan Filho, só aumentaram o gosto de sangue na boca de Renan. O senador sabe que poucas vezes uma CPI começou com uma composição tão desfavorável ao governo e com uma fartura tão grande de munição tamanho o acervo de erros de Bolsonaro na condução da pandemia. Usará de sua experiência para disparar contra o Planalto.
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O Farol Político é produzido pelos cientistas políticos e economistas André Sathler e Ricardo de João Braga e pelo jornalista Sylvio Costa. Edição: Edson Sardinha. Design: Vinícius Souza.
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Esses jornalistas do Congre$$o em Fofoco são ridículos!
É lógico que o casamento do Centrão com Bolsonaro é de conveniência.
O casamento deles com o Lula também era de conveniência.
Com a Dilma, eles que mais apoiaram o ”divórcio”