Na sexta-feira (12), o presidente Jair Bolsonaro embarcou para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em lua de mel com o PL de Valdemar Costa Neto. Antes de partir em viagem, ele próprio dizia que a filiação estava “99% certa”. Quando desembarcou, porém, tudo estava mudado. Depois de uma “intensa” troca de mensagens, conforme o termo usado pelo próprio Valdemar, a filiação ao PL estava adiada. O que aconteceu enquanto o presidente viajava para o Oriente Médio é a explicação para a mudança de humores. E essa explicação, integrantes do PL interpretam que está em uma nota publicada na sexta-feira (12).
A nota, assinada pelo próprio Valdemar Costa Neto, diz que “caberá ao presidente do PL de Pernambuco, prefeito Anderson Ferreira, a condução dos trabalhos para a escolha dos nomes que constarão na chapa de candidatos majoritários e proporcionais das próximas eleições do estado”. O presidente do PL de Pernambuco, Anderson Ferreira, é o prefeito da cidade de Jaboatão dos Guararapes.
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Embora houvesse movimentos do ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, no sentido de cobiçar o comando do PL em Pernambuco, o estopim está menos nisso do que no recado dado ali, que levou Bolsonaro a interpretar que ele não teria o partido de porteira fechada como gostaria. Ao reafirmar o comando local em Pernambuco para a definição política, era lícita a interpretação de que isso poderia vir a valer para outros diretórios regionais também.
Segundo uma fonte do PL, não havia ali nenhum tipo de problema ideológico ou eleitoral. O PL de Pernambuco é, segundo a fonte, totalmente afinado à linha política de Bolsonaro. Mas estava dado o recado de que o comando sobre o partido não seria imposto, mas negociado.
A partir daí, a reação de Bolsonaro vem sendo interpretada dentro do PL como uma pressão do presidente para impor o seu comando. Uma pressão que, afirma-se no partido, não tirou o sono de Valdemar Costa Neto. No fim de semana, depois da “intensa” troca de mensagens com o presidente, o presidente do PL levou a sua filha ao circo.
Na quarta-feira (17), Valdemar vai reunir-se, na sede do partido em Brasília, com os presidentes regionais do PL, para discutir as questões que estão pendentes para a filiação ou não de Bolsonaro, que chegará da viagem que faz ao Oriente Médio na quinta-feira (18).
Da reação à nota a respeito do PL em Pernambuco, o partido indica que há outros problemas a resolver. Para integrantes do PL, na nota Valdemar Costa Neto reafirmava o óbvio: a autonomia dos comandantes regionais para resolver as questões políticas e eleitorais locais. Mas se ela gerou tal reação do presidente, outros problemas semelhantes em outros estados, avaliam, certamente surgirão. E um desses problemas, se sabe, é em São Paulo. O PL integra o governo de João Doria, o arqui-inimigo de Bolsonaro, pré-candidato à Presidência pelo PSDB. Nesse sentido, quer apoiar no estado a eleição do vice-governador, o também tucano Rodrigo Garcia. Bolsonaro não aceita essa hipótese. Acredita-se que outras questões regionais, maiores e menores, possam surgir durante a reunião.
“A filiação não subiu no telhado”, afirmou ao Congresso em Foco o vice-líder do PL na Câmara, Lincoln Portela (MG). “Estamos conversando muito, da melhor maneira possível. Tanto o presidente do PL quanto o da República, os líderes do partido estão conversando com outras lideranças também do governo”.
Portela admite, porém, que as negociações são complexas. “Você não faz transição de presidente da República para um partido com 44 deputados e quatro senadores, que já teve vice-presidente, da noite para o dia. Sempre esbarra em outras coisas, a pequenos senões, ajustes estaduais. O presidente está plenamente consciente. O presidente Valdemar também, nossos líderes da mesma maneira. Estamos em caráter permanente de reunião para dirimir essas questões. Não tem gato em cima do telhado”.
Na avaliação de Lincoln Portela, problemas surgirão em qualquer negociação, seja com que partido for. “Para qualquer partido que ele for terá um senão em determinado estado”, considera. Para o deputado, a solução deverá ser encontrada “até o fim do mês, 15 dias no máximo”.
“As chances de filiação continuam em 99%, como na semana passada. Fica faltando 1% porque, em política, sabe-se lá o que pode acontecer. Você pode estar bem e ter uma apendicite. Não estamos com nenhum apêndice”, confia Lincoln Portela.
Enquanto as conversas se desenrolam, os demais aliados estão de olho. “Estamos fechados com Bolsonaro a vida inteira”, torce o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PR), sobre a hipótese de uma filiação de Bolsonaro a seu partido, o PP. “O convite foi feito. Estamos à disposição. Isso (se filiar) é com ele”, disse o deputado ao Congresso em Foco.
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