É incerta a permanência de Sergio Moro como ministro da Justiça. Na tarde desta quinta-feira (23), ele e seus assessores davam o seu pedido de demissão como inevitável pela razão conhecida. Não aceitou a decisão do presidente Jair Bolsonaro de demitir o diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Moro disse que, a prevalecer tal decisão, deixaria o ministério.
Logo em seguida entraram em ação os bombeiros. Na tentativa de apagar o incêndio, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, assumiu a linha de frente, apoiado pelos ministros militares e por vários parlamentares, ligados à bancada da segurança pública.
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Agora à noite ficou claro para Moro que dificilmente Valeixo será preservado no comando da PF. Há o temor, inclusive, de que a exoneração do atual diretor saia no Diário Oficial. Para o ministro permanecer no governo, os generais tentam convencer Bolsonaro a permitir que ele faça o sucessor de Maurício Valeixo.
Bolsonaro não contou a Moro quem ele pretende colocar na direção da PF. No Palácio do Planalto, aponta-se como preferido o delegado da Polícia Federal Alexandre Ramagem, diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
No Ministério da Justiça, acredita-se que a escolha pode recair no delegado federal Anderson Torres, secretário de Segurança do DF. Ele foi um dos articuladores da carta assinada por quase todos os secretários estaduais da área, em janeiro deste ano, pedindo a criação do Ministério da Segurança Pública. Foi jogo combinado entre Bolsonaro e o governador de Brasília, Ibaneis Rocha, ao qual Anderson está subordinado. De posse do documento, Bolsonaro ensaiou movimento para retirar a segurança pública da pasta. Não foi adiante porque, também daquela vez, Sergio Moro ameaçou sair.
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Se Moro tiver mesmo a chance de indicar o substituto de Valeixo, a escolha – especula-se no governo – ficaria entre o superintendente da Polícia Federal no Paraná, Luciano Flores, e o diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Fabiano Bordignon, também delegado da PF.
Caso o ministro da Justiça celebre a paz com o presidente da República assegurando o poder de nomear o substituto de Valeixo, terá outro problema pela frente. A maioria dos delegados está fechada com o atual diretor da Polícia Federal e avisou que vai se considerar traída se ele for abandonado por Moro.
Valeixo, que em nenhum momento pediu demissão (como se ventilou), incomoda toda a família Bolsonaro pelo que é visto como uma excessiva independência. A autonomia não é maior do que a instituição e seus principais dirigentes têm exibido há anos, em sucessivos governos. Mas torna-se mais sujeita a críticas na medida em que a PF passa – como também ocorreu em gestões anteriores – a investigar pessoas cada vez mais próximas ao grupo político no poder.
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