Após uma declaração polêmica, feita em meio a uma reunião com governadores sobre violência nas escolas, em que afirmou que pessoas com “deficiência mental” têm “problemas de desequilíbrio de parafuso”, o presidente Lula usou suas redes sociais neste domingo (23) para pedir desculpas pelos termos usados durante o encontro.
Lula fez a manifestação por meio de uma rede social, ao anunciar acordos firmados em Portugal, onde cumpre agenda oficial desde a última sexta-feira (21). Entre eles, está o que prevê a criação de mecanismos para o intercâmbio de boas práticas na promoção e defesa dos direitos de pessoas com deficiência, para Brasil e Portugal atuarem juntos na promoção de mais direitos para a população PCD.
“Destaco esse acordo também pois gostaria de pedir desculpas sobre uma fala que fiz na semana passada, durante reunião sobre violência nas escolas. Conversei e ouvi muitas pessoas nos últimos dias e não tenho vergonha de assumir que sigo aprendendo e buscando evoluir”, escreveu Lula, que complementou:
“É por isso que quero me retratar com toda a comunidade de pessoas com deficiência intelectual, com pessoas com questões relacionadas à saúde mental e com todos que foram atingidos de alguma maneira por minha fala”.
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A manifestação de Lula gerou uma série de críticas, entre elas da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), que chegou a enviar uma carta ao presidente. A carta foi assinada pelo presidente da ABP, Dr. Antônio Geraldo da Silva.
“A OMS sempre afirmou que na humanidade deve haver 15% de pessoas com algum problema de deficiência mental. Se esse número é verdadeiro, e você pega o Brasil com 220 milhões de habitantes, significa que temos quase 30 milhões de pessoas com problema de desequilíbrio de parafuso. Pode uma hora acontecer uma desgraça”, disse a entidade.
O ator, apresentador e ativista pelos direitos das pessoas com deficiência intelectual, Marcos Mion, também fez críticas a Lula. Ele, que é pai de Romeo, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), afirmou que o discurso de Lula reforça preconceitos e estigmas sustentados em capacitismo, conceito que se refere à discriminação contra pessoas com deficiência.
“Irresponsavelmente, a fala dele liga deficientes intelectuais diretamente aos casos de violência que infelizmente temos visto acontecer. Isso é um absurdo, pois não há qualquer comprovação. Como pai de um autista, eu me sinto atingido”, disse o apresentador.
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