O presidente Lula (PT), junto com a ministra da Ciência e Tecnologia Luciana Santos, fez a entrega nesta quarta-feira das medalhas da Ordem Nacional do Mérito Científico de 2023. Os nomes escolhidos pelo Conselho incluem os dois cientistas vetados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, bem como os outros 21 pesquisadores que recusaram a medalha em solidariedade aos que foram negados.
Os vetos de Bolsonaro foram à indicação da médica sanitarista Adele Benzaken e do infectologista Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda. Os dois foram escolhidos pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia em 2021, mas seus nomes foram negados por Bolsonaro em função dos temas de suas pesquisas, que iam na contramão do que o ex-presidente defendia.
Adele Benzaken é uma das principais referências na América Latina na área de enfrentamento às infecções sexualmente transmissíveis. Ela trabalhava para o Ministério da Saúde até 2019, quando o governo a demitiu por publicar uma cartilha com instruções para evitar o contágio do HIV entre homens trans. A mesma cartilha resultou na indicação revogada por Bolsonaro em 2021.
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A pesquisa que resultou na indicação de Marcus Guimarães já contrastava ainda mais com os interesses do ex-presidente. Especializado em doenças infecciosas e parasitárias, ele foi um dos pesquisadores que, durante a pandemia, procuraram estudar possíveis curas para a covid-19. Uma dessas pesquisas, ocorrida em 2020, comprovou que a cloroquina, defendida por Bolsonaro, não era capaz de trazer resultados no enfrentamento à doença.
Em 2021, outros 21 cientistas indicados à medalha optaram por não recebê-la, e assinaram um manifesto em repúdio aos vetos de Bolsonaro. De acordo com eles, a decisão configurava “uma clara demonstração de perseguição a cientistas, configurando um novo passo do sistemático ataque à Ciência e Tecnologia por parte do governo vigente”.
Em seu discurso de entrega do prêmio, Lula ressaltou a intenção de reverter a postura adotada por seu antecessor. “Hoje, celebramos a volta da ciência e podemos dizer que o tempo do negacionismo, do desprezo pelos instrumentos de participação social e de ameaça à democracia acabou”, declarou. Luciana Santos se referiu ao ato como uma “reparação histórica” aos pesquisadores “perseguidos e ameaçados por um governo anti-ciência e anti-vida”.
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