Europa, 1346 a 1353. Instala-se no seio da humanidade uma epidemia – e o pânico dela decorrente. Aterrorizadas em uma época de trevas as pessoas nos legaram lamentáveis exemplos de obscurantismo e fanatismo.
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Acreditando que a doença era transmitida por bruxas, alguns chegaram à conclusão de que a saída era incendiá-las todas. Simples assim. Pela Europa afora disseminou-se esta prática. As fogueiras ardiam do Reino Unido ao Chipre, da Irlanda à Holanda etc.
O alvo seguinte foram os judeus. Eles teriam disseminado seletivamente a doença, a fim de atingir seus inimigos, varrendo-os da face da Terra. Foram registrados sérios atos de discriminação e agressões contra este povo.
Chegou-se, finalmente, como não poderia deixar de ser, ao fanatismo religioso puro e simples. Assim, a epidemia seria simplesmente um castigo divino aplicado a uma sociedade indigna de bênçãos. Muitas pessoas, julgadas “pecadoras” pelos fanáticos de plantão, acabaram sendo alvo de agressões verbais e físicas. Enquanto isso, as penitências aplicadas aos crentes foram do bizarro ao cruel.
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Em meio ao desespero geral por uma cura surgiram os aproveitadores mais vis. Comercializavam de amuletos a produtos imprestáveis e de relíquias religiosas a tratamentos inúteis – tudo por preços exorbitantes, claro. Explorou-se sem pudor a angústia e a credibilidade das pessoas.
Estas mercadorias e tratamentos “milagrosos” se transformaram em objeto de sérias disputas. Assim como no amor e na guerra, valia tudo! Alguns colocavam a serviço suas fortunas e outros a força física – o que importava era ter acesso àquele elemento tão vital que denominamos “esperança”. Muitos morreram por conta destes embates.
Que não se pense, sequer por um segundo, terem sido todas estas práticas algo restrito. Muito pelo contrário, foram adotadas por milhares de semelhantes nossos. Mas não os recriminemos em demasia: era uma época de trevas, afinal.
Agora faça uma experiência: substitua, na abertura deste texto, a expressão “Europa, 1346 a 1353” por “Planeta Terra, 2020”. Em seguida troque a palavra “bruxas”, no segundo parágrafo, por “antenas de telefonia celular 5G”. Após concluir essas duas singelas alterações, releia o texto. Continua perfeitamente atual e compatível com o noticiário da nossa época. Uma época de trevas.
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Fanatismo nunca levará qualquer ser humano a pensar e agir de maneira racional. O que se vê é um País totalmente dividido entre preservar a saúde ou preservar a economia e o que é pior, dividido também por um fanatismo político incentivado por nossos dirigentes políticos que movidos pela vaidade, o orgulho e o egoismo esquecem de seus compromissos morais e cívicos. O que nos falta, no momento, é um comando único e preocupado em apresentar um projeto que equilibre essas duas situações e , também, unir seus cidadãos a um único objetivo: o Brasil. O maior erro é, justamente, o que está sendo colocado em prática até o momento, ou seja, trocar a saúde por política e deixar o País ir junto com seu povo para a UTI e com possibilidades de cura cada vez mais distantes a continuar como está.
Uma dura e cruel realidade! Infelizmente, para enfrentar uma pandemia, fomos “presenteados” com um presidente de modos e gestos surreais que é acompanhado de um séquito de aloprados e sem noção. Em resumo, vamos passar por um imenso túnel totalmente sem luz que talvez tenha seu fim bem distante. Deus permita que não, e que as instituições que podem mudar esse quadro que avizinha, tomem uma atitude urgente.
o “amuleto agora ´e a Cloroquina